São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Terrorismo
"Curiosa é a visão bidimensional aferida pelo general Carlos de Meira Mattos no que diz respeito às ameaças terroristas ("O agravamento da ameaça terrorista", "Tendências/Debates", pág. A3, 11/6). Em seu artigo, ele segue aquela linha de pensamento na qual o terrorismo existe por si só. Defende a "dinastia Saud", ditadura extremamente impopular, implementada pelos EUA, e teme ainda uma "indesejável vitória dos fundamentalistas" daquele país. Pergunto então onde se encaixa a soberania dos povos, a sua autodeterminação? Democracia interessa apenas em certos casos então? É muito difícil entender que aquilo que chamamos de terrorismo é o resultado de uma política equivocada, promovida notadamente pelos EUA naqueles países?"
Maurício Saraiva de Campos (São Paulo, SP)

Racismo
"Baseando-se no que foi publicado recentemente na Folha, é possível afirmar, sem sombra de dúvida, que o racismo segue firme e forte no Brasil em pleno século 21. Vejamos: a taxa de homicídios entre negros supera a verificada entre brancos, sendo 74% maior entre negros de 15 a 24 anos -em 2002, essa taxa entre os brancos ficou em 39,3 mortes por 100 mil habitantes e em 68,4 por 100 mil entre os negros (Cotidiano, 8/6). Algo como um genocídio velado. Além disso, os trabalhadores brancos brasileiros ganham, em média, 105% a mais que os negros e pardos. Isso sem falar na taxa de desemprego: em março passado, ela era de 11,1% entre os brancos e chegava a 15,3% entre negros e pardos (Dinheiro, 5/6). Flagrante desigualdade. Como se vê, graças a uma mentalidade retrógrada, injusta e inequivocamente escravocrata que permeia grande parte da sociedade brasileira (a mesma que resiste em permitir maior acesso dos desfavorecidos a uma melhor escolaridade), o racismo neste país talvez só encontre paralelo nos Estados sulistas dos EUA, onde floresceram odiosas associações como a famigerada Ku Klux Klan." Ary Braz Luna (Sumaré, SP)

Agilidade
"Valdo Cruz, no texto "Causa própria" (Opinião, pág. A2, 10/6), comenta o passo da carruagem política em relação às leis: velocidade de coelho quando em causa própria (como o projeto do TSE, de abril de 2004, que corta 8.528 vagas de vereadores em todo o Brasil, uma medida de austeridade) e passo de tartaruga nos demais casos (como no da Lei das Falências, que tramita no Congresso desde 1993). Sugiro que o Congresso elabore uma lista de todos os projetos de lei que estão em andamento naquela Casa para que o povo possa opinar sobre quais são os mais urgentes. Afinal de contas, eles (os políticos) não são "a voz do povo'? Que eles nos ouçam então!" Eurípedes Kühl (Ribeirão Preto, SP)

Classe média
"Conforme informou a Folha na edição de 11/6, o brasilianista Timothy J. Power acredita que o presidente Lula tenha deixado a idéia conflituosa de redistribuição de renda para tentar ajudar os mais pobres sem precisar tirar dos mais ricos. Exatamente. Agora, ele quer tirar da classe média. Da classe média que não cria problemas, que não sobrecarrega o SUS, pois tem plano de saúde, que não sobrecarrega o ensino público, pois mantém seus filhos na rede privada, que possui uma "gordurinha" para os gastos com lazer, criando mais empregos nessa área, que não pratica crimes, não sobrecarregando assim o Poder Judiciário nem contribuindo para lotar os presídios. A classe média é o segmento da sociedade que menos amofina o governo. Apesar disso, o governo empenha-se em acabar com ela, transformando-a em classe pobre. Não percebe que, empobrecendo-a, no momento seguinte ela irá criar-lhe problemas. Hoje, a classe média paga impostos corretamente, contribuindo para aumentar a receita do governo. Amanhã, estará engrossando o coro dos miseráveis que pleiteiam ajuda do governo, contribuindo para aumentar a despesa e, conseqüentemente, o crônico déficit do governo."
Francisco Serralvo (Taubaté, SP)

Mário de Andrade
"O texto "O futuro de uma biblioteca", que Marco Antonio Villa publicou em "Tendências/Debates" em 9/6, sobre a Biblioteca Mário de Andrade, revela ótica tendenciosa, em franca contradição inclusive com o diagnóstico exibido na reportagem de João Batista Natali publicada dois dias antes no caderno Ilustrada ("Reforma deve resgatar Mário de Andrade", pág. E4, 7/6). O ataque pessoal a seu diretor, o professor José Castilho Marques Neto, cujos esforços pela reconstrução da BMA são notórios, merece repúdio de todas as pessoas efetivamente preocupadas com a cultura, a pesquisa e o universo do livro no Brasil."
Antonio Candido (USP), Ana Maria Martinez Corrêa (Unesp), Carlos Augusto Calil (USP), Haquira Osakabe (Unicamp), José Mindlin (bibliófilo), Marilena Chaui (USP), Maria Rita Kehl (psicanalista), Michael Hall (Unicamp) e Walnice Nogueira Galvão (USP) (São Paulo, SP)


"Queremos parabenizar a Folha pela publicação de artigos que retratam com clareza o cotidiano do bibliotecário municipal. O Manifesto Unesco para as Bibliotecas Públicas (1994) diz: "Participação construtiva e desenvolvimento da democracia dependem tanto da educação adequada como do livre e irrestrito acesso ao conhecimento, pensamento, cultura e informação". A Associação dos Bibliotecários Municipais de São Paulo endossa essa reflexão e acredita que a valorização e otimização do salário e do quadro de bibliotecários maximiza a qualidade do atendimento dado à comunidade em que estão inseridos."
Olga Maria Storelli, presidente e Flávia da Silveira Lobo, vice-presidente da Associação dos Bibliotecários Municipais de São Paulo (São Paulo, SP)

Equilíbrio
"Voltando ao tema do equilíbrio, tão suplicado por alguns leitores. Em 8/6, a Folha dedicou duas reportagens e um editorial para o assunto "Farmácia Popular", todos os textos com enfoque negativo (vale ressaltar que não havia nenhuma informação sobre os medicamentos que serão vendidos nem sobre os seus preços. Talvez porque 80 medicamentos ocupariam uma espaço grande). Em seguida, o governo fez um grande reajuste na tabela de preços dos procedimentos do SUS (transferência adicional de mais de R$ 500 milhões para Estados e municípios), o que fortalece o sistema de saúde ("Tabela do SUS é reajustada pelo governo federal", Cotidiano, 9/6). E o que vimos? Uma nota de rodapé! Isso é equilíbrio?"
Marco Freitas (Guarulhos, SP)


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