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O nó paquistanês
A INSTABILIDADE política no
Paquistão já leva os EUA a
fazerem planos de contingência para uma eventual queda
do ditador Pervez Musharraf. As
duas principais preocupações de
Washington são o combate ao
terrorismo e o controle sobre o
arsenal nuclear paquistanês.
Musharraf, aliado de Bush, enfrenta uma longa lista de dificuldades: um movimento de insurgência patrocinado pela rede terrorista Al Qaeda na Província do
Waziristão, pressão de políticos
dos EUA para restaurar a democracia e obter melhores resultados no combate ao terrorismo, o
reagrupamento do Taliban nas
áreas tribais e uma campanha de
atentados suicidas lançada por
fundamentalistas islâmicos.
Acrescente-se a isso uma queda-de-braço com o Judiciário,
que vem tornando cada vez mais
incertos seus planos para obter
um novo mandato presidencial e
manter-se como chefe das Forças Armadas, e tem-se uma explicação para os rumores de que
Musharraf pode decretar estado
de emergência. Ao que consta, só
deixou de fazê-lo na semana passada por conta de intensa pressão da secretária de Washington.
Poderes especiais não lhe permitiriam resolver todos os problemas, mas ajudariam a reprimir opositores e, principalmente, enquadrar os juízes da Suprema Corte, em especial o independente Iftikhar Chaudhry,
que havia sido afastado das funções por ordem do ditador, mas
acabou sendo reconduzido ao
posto pelo restante do tribunal.
Por ora não há sinal de que
Musharraf possa ser deposto,
mas sua situação não é tranqüila.
Ele tem a lealdade dos oficiais
laicos do Exército, mas não a da
tropa, que, como a maioria da população, é composta por religiosos que vêem com desconfiança
a aliança com os EUA e relutam
em reprimir radicais islâmicos.
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