São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2007

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O nó paquistanês

A INSTABILIDADE política no Paquistão já leva os EUA a fazerem planos de contingência para uma eventual queda do ditador Pervez Musharraf. As duas principais preocupações de Washington são o combate ao terrorismo e o controle sobre o arsenal nuclear paquistanês.
Musharraf, aliado de Bush, enfrenta uma longa lista de dificuldades: um movimento de insurgência patrocinado pela rede terrorista Al Qaeda na Província do Waziristão, pressão de políticos dos EUA para restaurar a democracia e obter melhores resultados no combate ao terrorismo, o reagrupamento do Taliban nas áreas tribais e uma campanha de atentados suicidas lançada por fundamentalistas islâmicos.
Acrescente-se a isso uma queda-de-braço com o Judiciário, que vem tornando cada vez mais incertos seus planos para obter um novo mandato presidencial e manter-se como chefe das Forças Armadas, e tem-se uma explicação para os rumores de que Musharraf pode decretar estado de emergência. Ao que consta, só deixou de fazê-lo na semana passada por conta de intensa pressão da secretária de Washington.
Poderes especiais não lhe permitiriam resolver todos os problemas, mas ajudariam a reprimir opositores e, principalmente, enquadrar os juízes da Suprema Corte, em especial o independente Iftikhar Chaudhry, que havia sido afastado das funções por ordem do ditador, mas acabou sendo reconduzido ao posto pelo restante do tribunal.
Por ora não há sinal de que Musharraf possa ser deposto, mas sua situação não é tranqüila. Ele tem a lealdade dos oficiais laicos do Exército, mas não a da tropa, que, como a maioria da população, é composta por religiosos que vêem com desconfiança a aliança com os EUA e relutam em reprimir radicais islâmicos.


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