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VINICIUS TORRES FREIRE
PT, Serra e tédio político
SÃO PAULO - A possibilidade ora
menos improvável de uma derrota
do PT em São Paulo parece colocar
um pouco de sal num cenário político
insosso. Parece, apenas. Assim como
os candidatos e os projetos políticos
que se apresentaram nesta eleição, o
resultado das urnas promete suscitar
apenas o torpor do enfado.
Não haverá a "onda rosa" de 2000,
quanto petistas e eleitores parecem
ter chegado a um acordo sobre como
o PT deveria vestir-se e maquiar-se a
fim de conquistar um lugar na festa
do poder em grandes cidades e no
Planalto. O PT testou, pois, o vestido
rosa e venceu em 2000 e em 2002.
Não haverá onda de cor nenhuma,
pois, "hecatombados pela vaga da
ressaca" rosa, como diria Mário
Faustino, tucanos e pefelês ainda não
sabem nem como nem com o quê fazer oposição, à diferença do petismo-lulismo, esse prodígio transformista.
Além de replicar a política econômica, a fisiologia e a aversão a CPIs,
agora o PT faz terrorismo eleitoral tal
e qual os tucanos de 2002 e diz até
que vitórias oposicionistas ameaçariam a política econômica, cúmulo
do escárnio cínico.
A ascensão municipal do petismo-lulismo não será avassaladora, embora ascensão e significativa para a
vida futura do partido, que será mais
sertanejo, de rincões e oportunistas.
Mas indícios das pesquisas mostram
mais uma dispersão de preferências
partidárias do eleitor, resultado da
indiferenciação cada vez maior de
modos de fazer política, da semelhança cada vez maior de projetos,
discursos e mentiras.
Caso vença, é difícil imaginar que
Serra se engaje numa disputa com
Lula em 2006, deixando na prefeitura esse vice-candidato que escolheu, a
dois anos de mandato, enfrentando
um presidente que, nada improvável,
virá de três anos de crescimento de
uns 3%, 4%, o que não ocorre faz
uma década. Serra poderia reorganizar a oposição, o tucanato em especial? Pode ser, mas teria de bater-se
com outros três pré-candidatos tucanos a 2010, e o tucanato teria de arrumar o que dizer de novo ao eleitor.
Sem movimento social novo, na elite e/ou no povo, será difícil ver novidade política no país.
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