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GUERRA DOS FERIADOS
A manipulação do calendário
converteu-se em arma utilizada
tanto pela administração municipal
quanto pelo governo estadual com a
intenção, ao que parece, de influenciar a disputa pela Prefeitura de São
Paulo. Trata-se da chamada "guerra
dos feriados" -deflagrada após decreto da prefeita e candidata à reeleição Marta Suplicy, publicado na semana passada, concedendo feriado
prolongado para os servidores municipais no fim-de-semana eleitoral.
De acordo com a medida, serão
pontos facultativos os dias 29 (a sexta-feira anterior ao domingo de votação) e 1º de novembro, véspera do
Dia de Finados.
Já o governador Geraldo Alckmin
preferiu antecipar em 17 dias a folga
no Dia do Funcionário Público, suspendendo o expediente nas repartições do Estado na última segunda-feira, 11 de outubro. Em contrapartida, os funcionários estaduais trabalharão nos dias 28 e 29 de outubro,
além de 1º de novembro.
Ainda que os resultados dessas manobras sejam um tanto incertos, fica
a sensação de que a prefeita e o governador moldaram o calendário baseados em cálculos eleitorais. Ao
prolongar o feriado de Finados dos
servidores municipais, a prefeita favoreceria uma fuga de eleitores que
poderia aumentar a abstenção entre
potenciais adeptos de José Serra,
candidato que demonstra maior penetração nas classes A e B. Em contraste, o governador paulista buscaria evitar a evasão de possíveis votos
para o postulante tucano.
É difícil assegurar, como se disse,
que tais medidas terão algum efeito
significativo no cenário eleitoral,
mas é certo que a disputa poderá ser
decidida por margem estreita. A diferença no primeiro turno foi de menos de 500 mil votos. No último feriado prolongado, deixaram a capital
cerca de 1,2 milhão de automóveis.
Eficazes ou não, esses expedientes,
um tanto bizarros, sugerem que ambos os lados estão dispostos a lançar
mão de artifícios pouco recomendáveis para conquistar a vitória.
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