São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Violência silenciosa
"Ué, mas o Frei Betto continua na oposição? Não, nós sabemos que não. Então por que ele não redigiu o seu artigo de ontem ("Violência silenciosa", pág. A3) em forma de memorando interno e não o remeteu ao seu patrão, do qual é assessor especial? Prestaria assim um serviço à nação e nos pouparia da indignação, pois foi esse mesmo discurso que ajudou a nos convencer a votar em Lula na certeza de que ele faria algo para minimizar as condições de que fala Frei Betto no artigo." Clayton Luiz Camargo (Curitiba, PR)

"Excelente, objetivo, claro e realista o artigo de Frei Betto publicado ontem. Levou-me a invocar um fato paradoxal. Enquanto aumentam as construções de Febens no Estado, extinguem-se os 54 Cefams (Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério). É preciso que, em substituição aos Cefams, se criem institutos estaduais de ensino superior, conforme determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Essa atitude negligente ou simplista de extinguir os Cefams favoreceu as instituições de ensino privado, que criaram seus institutos de ensino superior com curso normal superior. Os ex-institutos estaduais de educação mantinham os cursos ginasial, colegial e normal e cursos pós-normal de especialização em educação infantil, de aperfeiçoamento para o curso primário e de administradores escolares -com duração de dois anos para diretores dos então grupos escolares. Esses cursos eram reconhecidos pelo Conselho Federal de Educação como cursos superiores de curta duração. É chegado o momento de restabelecer o ensino público de educação básica com padrão de qualidade." Rodolpho Pereira Lima (Bauru, SP)

Paraíso
"O jornal inglês "Independent" publicou ontem que a nossa cidade do Rio de Janeiro está em situação de violência igual ou pior do que as cidades da Tchetchênia e do Sudão -entre outros locais perigosos pelo mundo. O jornal abordou o uso de armamento pesado livremente pelos marginais, o medo das pessoas de bem e completou a reportagem dizendo que o Rio de Janeiro é uma cidade sem futuro. Para nós, cariocas, por mais que seja doloroso, temos de concordar com o jornal inglês. Nossa cidade maravilhosa se transformou num paraíso para a bandidagem." Fernando Al-Egypto (Petrópolis, RJ)

Democracia
"Sobre um país que invadiu o Iraque por razões meramente financeiras (petróleo), que mantém presos em Guantánamo negando-lhes qualquer tipo de assistência, que elegeu um presidente sem a maioria dos votos, que impede que certas classes de cidadãos americanos votem para não prejudicar o que foi eleito pela minoria, que, entre outros, apóia os regimes ditatoriais da Arábia Saudita e do Kuait etc., sou obrigado a ler no editorial "Voto americano" (Opinião, 12/10) que "a maior democracia do Ocidente...". Acho que é um pouco demais para "democracia"." Francisco Camilo de Campos (Campinas, SP)

PUC-SP
"Surpreendente a posição de Elio Gaspari em sua coluna de 10/10 ("A "Turma do Jiu-Jitsu" poderá fundar uma PitPuc", Brasil). O colunista demonstra seu inconformismo com a posição da comissão processante instaurada na PUC-SP para a apuração de responsabilidades de alunos na agressão de um integrante da universidade nos Jogos Jurídicos de 2003. Todavia o inconformismo do jornalista suscita uma equivocada compreensão tanto do sistema do devido processo legal como dos fatos atinentes ao caso, o que só pode resultar da falta de leitura da sindicância instalada. Em primeiro lugar, quatro dos alunos incluídos como réus do procedimento administrativo apenas constaram da investigação pelo fato de estarem presentes no local do ocorrido, posto que não tiveram envolvimento com a agressão, o que foi confirmado pela "dezena de testemunhas" salientada pelo articulista. Em segundo lugar, nem sequer o aluno agredido conseguiu identificar seu ofensor, sendo os depoimentos das testemunhas de acusação contraditórios e inaptos para o perfazimento de responsabilidades. Em terceiro lugar, o fato de os jovens terem apelado ao Conselho Universitário para a alteração de suas condenações nada mais significa do que a utilização de um direito de recorrer, corolário fundamental de um Estado democrático de Direito. Em quarto lugar, utiliza-se o sofisma da punição justa como sendo a punição máxima, traduzida no banal sentimento de impunidade alicerçado pela busca do culpado a qualquer custo, desprezando provas e ignorando o processo. Em quinto lugar, a imprensa, outra vez, renega julgamentos balizados em lei motivando a opinião pública à visão tacanha de prejulgar primeiro e fundamentar depois." Alamiro Velludo Salvador Netto e Fernando Gaspar Neisser, advogados (São Paulo, SP)

15 anos
"Concordo plenamente com o senador Cristovam Buarque ("Anorexia histórica", pág. A3, 11/10) e acredito que já passou da hora de o nosso governo (eleito para mudar) assumir a responsabilidade e oferecer escola de qualidade a todas as nossas crianças, para que, em no máximo 15 anos, tenhamos um povo que possa cumprir com suas obrigações com a nação e, principalmente, cobrar de forma consciente os seus direitos. Aí, sim, certamente teremos um Brasil melhor -se não curado de todos as suas doenças, certamente curado da anorexia que é o despreparo intelectual que lhe foi oferecido por 504 anos." Jean Colmeal, estudante de direito da Universidade Braz Cubas (Mogi das Cruzes, SP)

"Queira Deus que o presidente ou seus assessores leiam o excelente artigo "Anorexia histórica". E que essa leitura lhes venha trazer reflexões, pois Buarque não fica só na retórica, mas consolida seus argumentos com sugestões que mereceriam ser analisadas e consideradas." Carlos Eduardo Pompeu (Limeira, SP)

LRE
"As faculdades particulares se alastram pelo Brasil, e a maioria delas oferece cursos superiores de baixa qualidade e alheios à realidade do mercado de trabalho. O ensino público médio e superior continuará capenga enquanto os interesses econômicos e políticos tiverem prioridade sobre a política educacional. O passo mais importante será substituir a demagogia pela pedagogia. O político que toma posse só pensa em destruir o que o anterior realizou. Entra um presidente, governador ou prefeito e a primeira coisa que se faz é mudar tudo nas secretarias ou no Ministério da Educação. Deveria existir uma "Lei de Responsabilidade Educacional". E também salários dignos para os professores e escolas de aperfeiçoamento pedagógico visando a uma educação moderna e atual, para que os alunos saiam do ensino básico preparados para enfrentar as condições mais simples do admirável mundo novo em que vivemos. É preciso ensinar o aluno a pensar e a observar a vida que acontece ao seu redor." Wilson Gordon Parker (Friburgo, RJ)

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