São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 2002

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PETRÓLEO E GUERRA

As trocas de acusações entre os Estados Unidos e o Iraque foram interpretadas pelos mercados financeiros internacionais como uma elevação na probabilidade do conflito armado. A possibilidade da guerra aumenta os temores de um choque nos preços do petróleo, introduzindo mais incerteza no cenário mundial já bastante conturbado.
Em tese, se o conflito for de curta duração e permanecer circunscrito ao Iraque, a oferta mundial de petróleo não deverá ser prejudicada. Em primeiro lugar, porque as exportações iraquianas de petróleo já estão sob o controle da ONU. Em segundo lugar, porque os países exportadores de petróleo reunidos na Opep (excluindo o Iraque) já estão produzindo 2,5 milhões de barris acima da cota predeterminada de 21,7 milhões de barris diários.
De todo modo, esse cenário menos pessimista, que não considera uma grave restrição na oferta, tem elevado as cotações do petróleo nos principais mercados. Em Londres, o barril de petróleo subiu para US$ 24, em Nova York para US$ 26. Estima-se que a incerteza da guerra tem embutido um aumento nos preços do barril em torno de US$ 5. Todavia, se ocorrer um prolongamento da guerra e/ou o envolvimento de outros países do Oriente Médio no conflito, as expectativas podem se deteriorar, com graves repercussões.
Uma explosão no preço do petróleo pode impulsionar as taxas de inflação, elevar os custos e reduzir a expectativa de lucro das empresas. A inflação provavelmente diminuirá também a renda disponível e os gastos das famílias. A conjunção dessas forças, em um cenário de desaceleração, pode desencadear uma recessão mundial. As principais economias da Europa e do Japão já padecem de taxas de crescimento muito baixas. Os EUA devem crescer apenas 1,6% no quarto trimestre, a metade do período anterior. Tudo isso fica ainda mais grave se for considerado o aumento na aversão ao risco dos investidores internacionais.


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