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PETRÓLEO E GUERRA
As trocas de acusações entre
os Estados Unidos e o Iraque
foram interpretadas pelos mercados
financeiros internacionais como
uma elevação na probabilidade do
conflito armado. A possibilidade da
guerra aumenta os temores de um
choque nos preços do petróleo, introduzindo mais incerteza no cenário mundial já bastante conturbado.
Em tese, se o conflito for de curta
duração e permanecer circunscrito
ao Iraque, a oferta mundial de petróleo não deverá ser prejudicada. Em
primeiro lugar, porque as exportações iraquianas de petróleo já estão
sob o controle da ONU. Em segundo
lugar, porque os países exportadores
de petróleo reunidos na Opep (excluindo o Iraque) já estão produzindo 2,5 milhões de barris acima da cota predeterminada de 21,7 milhões
de barris diários.
De todo modo, esse cenário menos
pessimista, que não considera uma
grave restrição na oferta, tem elevado
as cotações do petróleo nos principais mercados. Em Londres, o barril
de petróleo subiu para US$ 24, em
Nova York para US$ 26. Estima-se
que a incerteza da guerra tem embutido um aumento nos preços do barril em torno de US$ 5. Todavia, se
ocorrer um prolongamento da guerra e/ou o envolvimento de outros países do Oriente Médio no conflito, as
expectativas podem se deteriorar,
com graves repercussões.
Uma explosão no preço do petróleo pode impulsionar as taxas de inflação, elevar os custos e reduzir a expectativa de lucro das empresas. A
inflação provavelmente diminuirá
também a renda disponível e os gastos das famílias. A conjunção dessas
forças, em um cenário de desaceleração, pode desencadear uma recessão
mundial. As principais economias
da Europa e do Japão já padecem de
taxas de crescimento muito baixas.
Os EUA devem crescer apenas 1,6%
no quarto trimestre, a metade do período anterior. Tudo isso fica ainda
mais grave se for considerado o aumento na aversão ao risco dos investidores internacionais.
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