São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Bases sólidas para o pacto social RUY ALTENFELDER
Aos empresários e executivos estrangeiros que visitam a Secretaria
de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado
de São Paulo, em busca de oportunidades de investimento, não hesito em afirmar que as principais virtudes da população deste país são a sua persistência,
capacidade de vencer dificuldades e
inesgotável estoque de fé.
Alguns exemplos de acordos bem-sucedidos entre governo, empresas e trabalhadores podem ser encontrados em São Paulo: fomento tecnológico nas cadeias produtivas, com o apoio do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e outros organismos, visando ao desenvolvimento dos chamados "clusters"; implantação do Pólo Aeronáutico da Embraer em Gavião Peixoto, no qual o Estado investiu R$ 27 milhões, além de inversões em infra-estrutura e recursos da Fapesp; criação do Pólo Aeronáutico de São Carlos e do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas, que abriga cerca de 80 novas firmas privadas. Além disso, no próximo exercício, conforme os princípios da Lei da Inovação, que tramita no Congresso, o governo paulista ampliará a aliança entre as universidades públicas e a iniciativa privada, levando a pesquisa -incluindo laboratórios e cientistas- para dentro das empresas. Essas ações não foram adotadas de cima para baixo, de forma unilateral ou paternalista. São objeto de um pacto, ou seja, da negociação e entendimento entre organismos públicos, iniciativa privada, trabalhadores, cientistas e comunidade universitária. Logo o diálogo, a soma de competências e boas idéias estão na base do sucesso dos projetos. Os resultados de pactos dessa natureza costumam ser positivos, como demonstram alguns indicadores: em 2001, segundo o Banco Mundial, os investimentos estrangeiros na União Européia caíram 60% e nos Estados Unidos, 59%; mas os anúncios de investimentos privados em São Paulo, inclusive estrangeiros, mantiveram-se no patamar de 2000 (US$ 23 bilhões); no primeiro semestre de 2002, os investimentos anunciados na economia paulista caíram, como em todo o mundo, mas países importantes aumentaram o volume. É o caso da Alemanha (US$ 59 milhões no primeiro semestre de 2001 e US$ 82 milhões no de 2002), Suíça (US$ 4,7 milhões/US$ 69,9 milhões) e França (US$ 120 milhões/US$ 174 milhões) etc. Outros exemplos bem-sucedidos de acordos, em municípios, Estados e na União, devem ser focados no âmbito do pacto social agora preconizado. Com vontade política, bases econômicas mais favoráveis e exemplos concretos de diálogo e entendimento, o brasileiro pode exercitar com mais ênfase a sua indefectível virtude de ser perseverante. Ruy Martins Altenfelder Silva, 63, advogado, é secretário de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Luiz Eduardo Borgerth: A desnacionalização da TV brasileira Índice |
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