|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PAINEL DO LEITOR
Foi dito?
"Nesta sexta edição da Parada da Paz,
foi mencionado que as maiores vítimas e
os maiores praticantes da violência são
jovens e adolescentes pobres da periferia? Foi dito que, para eles, é mais fácil
trabalhar para o tráfico do que conseguir
o primeiro emprego com carteira registrada? Que temos milhares de crianças
entre nove e 14 anos, moradores das favelas, trabalhando para o tráfico? Que na
periferia se concentra o maior número
de homicídios da cidade?
Nesta Parada da Paz, foi dito que os
parques e as áreas de lazer, de esporte e
de cultura se concentram nas regiões nobres da cidade? Foi dito que não fazer uso
de drogas -incluindo o álcool- é hoje
é uma questão de cidadania e de responsabilidade social? Foi dito que não dá para falar em paz em São Paulo sem falar
em investimentos sociais na periferia?"
Luiz Carlos dos Santos, coordenador do
Movimento Tome Uma Atitude Pela Não-Violência (São Paulo, SP)
Nomes
"Muito feliz a coluna de Eliane Cantanhêde de ontem ("Lulices", Opinião, pág.
A2).
A questão da escolha de um nome para
o Ministério da Saúde, onde há grande
número de "ministeriáveis", é muito
mais que um problemão. A questão existe não apenas por ser essa uma área corporativa mas também por ser "competitiva", pois aí competem egos monstruosamente elevados. Aliás, dentro da atual
política de Saúde, descentralizada e voltada aos municípios -via SUS-, o ministério não precisa necessariamente de
um médico famoso ou de um técnico da
área. Precisa de um administrador com
competência política.
Como será que vai ser?"
Celio Levyman, médico, mestre em
neurologia pela Escola Paulista de Medicina-
Unifesp, ex-diretor do Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo
(São Paulo, SP)
Álcool
"A cada vez que ouço um representante dos usineiros, convenço-me ainda
mais de que essa turma continua a mesma do Brasil colonial.
Vivem sempre de subsídios governamentais, exploram a massa trabalhadora
nos canaviais, poluem o ambiente... Chegam a irritar a empáfia e a prepotência
que demonstram ao tentarem justificar o
valor absurdo que atingiu o preço do
açúcar e do álcool combustível.
Cabe a nós, consumidores, adotar uma
política de economia de produtos e, assim como aprendemos a economizar
energia (40% no meu caso), estipular
uma redução no consumo desses produtos. O volume encalhado, eles que o exportem."
Laércio Zanini (Garça, SP)
"Em mais uma atitude imediatista, os
grandes usineiros deixam escapar a
chance de revitalizar o Proálcool.
Com a escalada do dólar e as melhores
cotações internacionais do açúcar, priorizam o mercado externo, causando aumento abusivo no preço do álcool e
ameaça de desabastecimento de açúcar
no mercado interno.
Quando os preços do álcool estavam lá
embaixo, pressionaram o governo para
aumentar a porcentagem de álcool anidro na gasolina. Por que agora o governo não decreta a diminuição imediata
desse percentual?"
Julio Cesar Martos (São Paulo, SP)
Células-tronco
"Gostaria de cumprimentar o jornalista Marcelo Leite pelo excelente artigo
"Células-tronco e sensacionalismo"
(Mais!, pág. 18, 10/11) e comentar as
pressões de cunho político-industrial
exercidas por órgãos como o NHI, pois
tive a experiência de trabalhar por mais
de um ano em um centro de pesquisas
norte-americano que recebe verbas desse órgão.
Em tais institutos e organizações, os
diretores, por suas inclinações científicas, acabam influenciando as linhas de
trabalho dos projetos apresentados. Como essa pressão político-industrial se
traduz em concessão de milhares ou,
muitas vezes, de milhões de dólares, a
publicação de resultados muito provavelmente ganha esse caráter ufanista e
bombástico na imprensa leiga -e até
mesmo na científica, como aconteceu
notavelmente com o Projeto Genoma
humano. Foi assim com a descoberta
dos oncogenes e foi assim com as drogas
antiangiogênicas no combate ao câncer,
conforme destacou em seu ótimo texto."
Vinicius Duval da Silva, professor do
Departamento de Patologia e Radiações da
Faculdade de Medicina da PUC-RS
(Porto Alegre, RS)
"Pesquiso células-tronco adultas obtidas de medula óssea de camundongos e,
por isso, estou envolvida nessa polêmica
mundial e absurda. Venho parabenizar
o jornalista Marcelo Leite pelo seu artigo
corajoso e responsável, que não faz coro
com a nossa mídia mal informada.
A pesquisa com essas células está em
seu início e não se justifica a proposta de
que seja a panacéia para resolver todos
os males do mundo. O mais entusiasta
dos nossos pesquisadores nesta área, o
professor Ricardo Ribeiro dos Santos,
coordenador do Instituto do Milênio de
Bioengenharia Tecidual, afirma que levará uns dez anos para que essa metodologia aparentemente promissora esteja
adequadamente desenvolvida e bem
aplicada.
O problema maior que enfrentamos
agora é a tentativa de convencer a sociedade de que, para solucionarmos o sofrimento do mundo -e até mesmo para
nos tornarmos imortais-, devemos sacrificar embriões e fetos humanos -para obtermos as suas células-tronco. Propõe-se até algo eufemisticamente chamado de clonagem terapêutica.
Nada sabemos sobre diferenciação ou
desdiferenciação celular e estamos engatinhando ainda na sinalização celular de
células-tronco de medula óssea, por
exemplo.
Infelizmente, no sexto Congresso
Mundial de Bioética, realizado em Brasília na semana passada, foram investidos
4 milhões de libras para que se defendessem -com argumentos, e não com fatos- a clonagem humana, a clonagem
terapêutica e a eutanásia.
Diga-se de passagem que não houve
muita abertura para discussão sobre tais
assuntos."
Alice Teixeira Ferreira, professora livre-docente de biofísica da Unifesp-EPM
(São Paulo, SP)
Cotas
"Espero que o governo federal reconsidere a sua intenção de estabelecer cotas,
quaisquer que sejam, para acesso às suas
universidades.
Entendo que a substituição do sistema
de mérito por outro, ainda que parcial,
promoverá um resultado injusto e temeroso. Que os responsáveis por essa decisão não se prendam a ações rápidas e populistas em detrimento de medidas consistentes e ponderadas. Os erros do passado devem ser reparados sem que outros sejam cometidos."
Luiz Alberto M. C. Barros
(Guaratinguetá, SP)
"Sempre evitei polemizar sobre a questão das cotas para negros nas universidades, mas não podemos acabar com a
discriminação racial usando um subterfúgio que afronta a Constituição. Se, segundo a Constituição, todos são iguais, o
sistema de cotas é um crime. Racismo
não se combate com racismo, e sim com
políticas de inclusão."
Fernando Sousa (Ribeirão Preto, SP)
Texto Anterior: Luiz Eduardo Borgerth: A desnacionalização da TV brasileira
Próximo Texto: Erramos Índice
|