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MAIORIDADE PENAL
Foi brutal o assassinato do casal de namorados Liana Friedenbach e Felipe Caffé, em São Paulo. Nada justifica um crime dessa natureza. O país está chocado. A participação de um menor no delito torna
o caso ainda mais dramático. A pergunta está nas ruas: não seria o caso
de reduzir a maioridade penal?
De acordo com pesquisa realizada,
antes do crime, a pedido da Ordem
dos Advogados do Brasil, 89% dos
brasileiros são favoráveis à redução
da idade-limite para 16 anos. É natural que o cidadão, acuado pela obscena violência que o cerca, concorde
com tudo o que soe como solução
drástica para o problema. O Estado,
contudo, deve agir racionalmente.
A redução da maioridade, em primeiro lugar, fere o princípio, consagrado no Direito brasileiro, de que o
jovem é um ser em formação. O adolescente pode e deve ser punido pelo
que faz de errado, mas a sanção precisa ter caráter predominantemente
educativo. É absolutamente falso
afirmar que a legislação não pune
menores. A maior pena a que eles
podem ser condenados é de três
anos. É verdade que o caráter pedagógico da punição raramente se verifica. Não são tão diferentes as condições desumanas de nossos presídios
e das unidades da Febem.
Que isso seja assim não justifica o
abandono do princípio. Mesmo porque não será reduzindo a maioridade
penal que o envolvimento de jovens
em crimes deixará de existir. Parte da
criminalidade juvenil pode ser explicada pelo fato de organizações criminosas se utilizarem de menores (e
sua suposta impunidade) para "puxar o gatilho" no lugar de adultos.
Nada impedirá que os bandidos passem a recrutar um contingente mais
jovem, de quase crianças -o que,
aliás, já ocorre em algumas situações. O que fazer então? Reduzir ainda mais a maioridade penal? Para 15,
14, 10 anos de idade?
Combater a criminalidade, seja ela
juvenil ou não, exigirá, além da necessária repressão policial, uma profunda reformulação das instituições
e políticas públicas de segurança. É
igualmente indispensável promover
a inclusão social com mais educação
e alternativas de trabalho. Não será
encarcerando adolescentes e crianças, mas oferecendo-lhes condições
para escapar da criminalidade, que
esse triste panorama poderá mudar.
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