São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

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MEIRELLES E OS JUROS

Apesar de o deputado federal eleito Henrique Meirelles (PSDB-GO), indicado por Luiz Inácio Lula da Siva para a presidência do Banco Central, reunir credenciais que lhe permitem um boa aceitação pelos agentes financeiros, há dúvidas acerca de qual será o seu estilo no comando da política monetária. Mais do que nunca, o país necessita de uma equipe econômica convencida de que as empresas não suportam mais os enormes custos financeiros de suas operações e, portanto, de que baixar as taxas de juros deve ser o objetivo precípuo da política econômica brasileira.
No passado recente, Meirelles já defendeu o fim da oferta pelo BC de títulos públicos que garantem proteção cambial ("hedge") ao mercado. Em outro momento, propugnou por um plano de redução da dívida pública brasileira que consistia em anunciar um megassuperávit primário (da ordem de 7% do PIB) e, como consequência desse suposto choque de credibilidade, obter uma trégua do mercado para baixar os juros.
Henrique Meirelles chega ao Banco Central lastreado por seu desempenho como alto executivo de finanças globais -até julho deste ano, exercia a presidência mundial do BankBoston. Diferentemente do atual presidente do BC, Meirelles não é um operador de mercado nem um macroeconomista propriamente dito. Aproxima-se mais do perfil de um competente gestor de equipes. Além disso, o sucessor de Armínio Fraga, depois que optou pelo ingresso na política partidária, já não pode ser visto apenas como um técnico.
Fundamental para decifrar como será a atuação de Meirelles e de Antonio Palocci Filho nos dois cargos-chave da gestão macroeconômica será a composição de suas respectivas equipes. Mas, de início, pode-se dizer que Lula optou por tentar conquistar a "credibilidade" do mercado ao compor o núcleo duro da sua área econômica, à custa da mensagem de campanha que enfatizava a mudança do "modelo econômico".


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