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MEIRELLES E OS JUROS
Apesar de o deputado federal
eleito Henrique Meirelles
(PSDB-GO), indicado por Luiz Inácio Lula da Siva para a presidência do
Banco Central, reunir credenciais
que lhe permitem um boa aceitação
pelos agentes financeiros, há dúvidas acerca de qual será o seu estilo no
comando da política monetária.
Mais do que nunca, o país necessita
de uma equipe econômica convencida de que as empresas não suportam
mais os enormes custos financeiros
de suas operações e, portanto, de que
baixar as taxas de juros deve ser o objetivo precípuo da política econômica brasileira.
No passado recente, Meirelles já
defendeu o fim da oferta pelo BC de
títulos públicos que garantem proteção cambial ("hedge") ao mercado.
Em outro momento, propugnou por
um plano de redução da dívida pública brasileira que consistia em anunciar um megassuperávit primário (da
ordem de 7% do PIB) e, como consequência desse suposto choque de
credibilidade, obter uma trégua do
mercado para baixar os juros.
Henrique Meirelles chega ao Banco
Central lastreado por seu desempenho como alto executivo de finanças
globais -até julho deste ano, exercia
a presidência mundial do BankBoston. Diferentemente do atual presidente do BC, Meirelles não é um operador de mercado nem um macroeconomista propriamente dito. Aproxima-se mais do perfil de um competente gestor de equipes. Além disso,
o sucessor de Armínio Fraga, depois
que optou pelo ingresso na política
partidária, já não pode ser visto apenas como um técnico.
Fundamental para decifrar como
será a atuação de Meirelles e de Antonio Palocci Filho nos dois cargos-chave da gestão macroeconômica será a composição de suas respectivas
equipes. Mas, de início, pode-se dizer que Lula optou por tentar conquistar a "credibilidade" do mercado
ao compor o núcleo duro da sua área
econômica, à custa da mensagem de
campanha que enfatizava a mudança
do "modelo econômico".
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