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São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003

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EFEITO DO CLIMA

O recém-divulgado relatório "Mudança Climática e Saúde Humana", da Organização Mundial da Saúde (OMS), oferece oportuno material para reflexão. De acordo com o estudo, as mudanças climáticas no planeta, que em alguma medida podem ser atribuídas à ação humana, mataram, só no ano 2000, cerca de 150 mil pessoas.
Esse número precisa ser relativizado. Como o próprio relatório reconhece, trabalha-se aqui com estimativas frágeis. Para chegar a essas cifras, a OMS combina modelos climatológicos discutíveis com projeções demográficas, econômicas e relativas ao avanço tecnológico incertas. Ainda assim, é importante mostrar que, embora o maior impacto do aquecimento global seja para o futuro, parte dele já estaria ocorrendo.
Pelas projeções da OMS, o aquecimento global teria sido responsável por 2,4% dos casos de diarréia em 2000 e por 6% das infecções por malária em países de renda média. De fato, temperaturas mais elevadas em tese favorecem a disseminação de doenças transmitidas por alimentos, como a salmonelose, e por mosquitos, como a malária e a dengue.
Os impactos são desiguais. Países mais frios podem ser favorecidos por invernos mais amenos e, ao mesmo tempo, sofrer com a chegada de moléstias tropicais que desconheciam. De um modo geral, porém, a OMS acredita que o aumento das temperaturas prejudique a saúde.
Interesses econômicos podem considerar o estudo inconsistente e rejeitar políticas ambientais que tentam evitar o problema. Parece prudente, no entanto, aceitar que os efeitos deletérios do aquecimento global virão aos poucos e que continuará sendo difícil detectá-los com clareza. É justamente aí que reside o principal mérito do trabalho da OMS: ainda que precariamente, ele procura mostrar que a fatura pelas emissões de gases que provocam o efeito estufa já estaria sendo cobrada. A dificuldade de medir o dano não significa que ele não esteja ocorrendo.


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