São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Reforma universitária
"Tendo em vista as reportagens "Grupo de Chaui quer alternativa à reforma" e "Federais preparam plano próprio de reforma" (Cotidiano, dias 12/1 e 13/1, respectivamente), gostaríamos de manifestar o nosso apoio às propostas levantadas pelo Fórum de Políticas Públicas da USP -como a autonomia universitária e os programas que assegurem a universalidade do conhecimento e a avaliação das pesquisas pelo critério de relevância social, entre outras. A UNE considera fundamental a implementação de mudanças profundas na universidade brasileira. Por isso defende a recuperação de seu caráter público baseado no seu compromisso social e estratégico, o seu funcionamento democrático e a sua autonomia. Assim, diverge dos documentos elaborados pelo Banco Mundial e pelo Ministério da Fazenda, que criticam os "gastos" com as universidades públicas e defendem, nas entrelinhas, a cobrança de mensalidades. Com o intuito de contribuir com os rumos desse relevante debate, a UNE vai realizar nos próximos meses uma caravana que percorrerá universidades por todo o Brasil e culminará em um ato em Brasília. Nesse ato, a ser realizado em maio, a UNE entregará suas propostas ao governo federal."
Gustavo Petta, presidente da União Nacional dos Estudantes (Campinas, SP)

Longe das massas
"Até entendo a necessidade visceral dos articulistas de bulir com o acordo da CUT com a Globo para cobrir custos com os shows em homenagem aos 450 anos de São Paulo (nota "Quem te viu, quem te vê", "Painel", pág. A4, 11/1). Mas dizer que as bandas Kaleidoscópio e Peixelétrico são desconhecidas denota o elitismo que tem distanciado a Folha das massas nos últimos tempos. Já se cogitou, por exemplo, a possibilidade de os organizadores terem levado em consideração as preferências do público de São Miguel Paulista (zona leste)? Moro no interior de São Paulo e sou fã da Peixelétrico."
Maria José Pereira Miranda (Vargem Grande do Sul, SP)

Cotas
"Concordo plenamente com o artigo do professor Roberto Mangabeira Unger sobre a inadequação para o Brasil do sistema de cotas para negros em universidades públicas ("Justiça racial já", Opinião, pág. A2, 13/1). Acrescento ao que disse o professor o argumento de que o sistema de cotas foi implantado nos EUA para superar a discriminação vigente naquele país -discriminação que proibia o ingresso de negros em certas universidades. Ora, isso não acontece no Brasil. Ninguém aqui é privado de ensino universitário por ser negro, mas, sim, por não ter tido acesso, no momento certo, ao ensino fundamental e médio público de qualidade. A solução, portanto, não é criar um acesso facilitado para quem, negro ou não, não tem condições de ser aprovado no vestibular. Há que se dar condições para que essa aprovação ocorra, melhorando pela base o sistema público de ensino. Cotas deveriam ser implantadas em relação a certos setores aos quais os negros não têm acesso devido à discriminação, como na televisão, em hotéis e em restaurantes."
Jorge Alberto de Oliveira Marum, promotor de Justiça em Sorocaba e mestre em direito do Estado pela USP (Piedade, SP)

Dom Pedro 2º
"As palavras de Vinicius Torres Freire dedicadas à figura de dom Pedro 2º ("Nada", Opinião, pág. A2, 12/1), além de irreverentes, são injustas e revelam desconhecimento de causa. Não honram o conceito de jornalista razoável em que é tido esse jornalista -"Pedro 2º, o Soneca, um dos piores cretinos da história deste país de cretinos históricos". O cronista parece ignorar o papel histórico do segundo imperador brasileiro, que organizou o nosso país como nação, dando-lhe instituições políticas consolidadas (partidos, Senado), ordem jurídica organizada, administração pública com forma e figura e um Exército à altura de suas responsabilidades. Não é outra a opinião do historiador Jorge Caldeira: "Em 20 anos de reinado, dom Pedro 2º consolidou o Estado, regularizou a administração, acertou as finanças e montou uma situação internacional confortável" ("Mauá", pág. 387)."
Gilberto de Mello Kujawski (São Paulo, SP)

Justiça
"Muito oportuno o artigo "Vou processar meus professores" ("Tendências/Debates", 13/1). Cheio de ironia, é claro, mas os nossos juízes muitas vezes se locupletam com o governo nas suas decisões, prejudicando aqueles que batem às portas da Justiça quando um direito seu é usurpado. Vejam-se as decisões que envolveram o calote dos planos Verão e Collor. São também, às vezes, beneficiados os bancos, como na correção dos saldos devedores de financiamento bancário durante os planos mencionados. Devem ser decisões de magistrados que não tiveram aulas com grandes mestres, como os professores José Frederico Marques, José Horácio Meirelles Teixeira, Ruy Barbosa Nogueira e muitos outros. Parabéns ao ministro Domingos Franciulli Netto por seu artigo."
Omar Abdulmassih (São Paulo, SP)

 

"Gostaria de parabenizar o ministro Domingos Franciulli Neto pelo artigo "Vou processar meus professores" e ainda dizer-lhe que foi, sim, muito feliz ao escrevê-lo. Como advogada, em muitas ocasiões também me considero "nada". Agora, se ministros de Tribunais Superiores e advogados estão se considerando "nada" diante do Judiciário, precisamos agilizar a sua reforma e ainda garantir que ela seja feita de maneira sensata e correta e que procure evitar os absurdos jurídicos ocorridos no país. Temos todos, ministros, professores e advogados, de nos conscientizar do nosso papel dentro do Judiciário para garantir o melhor possível para a sociedade."
Evelise Cristina Bignotto (Santa Bárbara d'Oeste, SP)

Gastos na rede
"A reportagem "Marta veta divulgação de contas na internet" (Cotidiano, 13/1) revela que a prefeita Marta Suplicy fez o veto à divulgação das contas da prefeitura na rede com a alegação de que já existem outras opções para informar o público e que essa iniciativa geraria custos para o erário municipal. A alegação de que gera custos é absurda, porque um simples programa para ler os dados dos computadores públicos e colocá-los à disposição da população -em "html'- é insignificante. Isso é muito simples e fácil de ser feito. Qualquer político verdadeiramente honesto que exerça cargo em instituição pública municipal, estadual ou federal, se quiser, pode muito bem tomar essa iniciativa. Só não a tomam aqueles que querem continuar mantendo o erário às escondidas para manipular a população conforme as conveniências da política viciada que alimenta a corrupção. Caso os políticos insistam em afirmar que essa iniciativa é cara, inviável ou difícil de ser tomada, eu convoco outros analistas de sistemas do país a provarmos, pela imprensa, que ela não é adotada porque eles não querem."
Alamar Régis Carvalho, analista de sistemas (São Paulo, SP)


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