São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004 |
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FERNANDO RODRIGUES Encanto quebrado
AUSTIN - A reportagem de Andrei Meireles e de Gustavo Krieger na revista "Época" representa a quebra do
encanto do PT federal.
A plataforma de Lula era fazer o
"governo da mudança". Agora surgem indícios contundentes de que
um assessor que despacha dentro do
Palácio do Planalto coletou dinheiro
de maneira ilegal, do jogo do bicho,
para campanhas petistas.
O alto funcionário é Waldomiro
Diniz. O nome é irrelevante. É um
desconhecido do público. O que importa é a quem ele servia.
O PT o demitiu. Tenta circunscrever o problema ao funcionário. Não
vai dar certo. Waldomiro foi, desde o
primeiro dia do governo Lula, o assessor mais próximo do ministro José
Dirceu. Fazia apenas o que o "comandante" ordenava.
Antes de estar no governo, Waldomiro participou pessoalmente de
quase todas as reuniões e negociações
comandadas pelo hoje chefe da Casa
Civil para montar o governo Lula em
2002 -o ano em que se envolveu
com o jogo do bicho, segundo a reportagem de "Época".
É possível que o ministro José Dirceu não soubesse da atuação de Waldomiro? O que deve acontecer com
Dirceu? Há duas hipóteses:
1) se não sabia o que Waldomiro fazia, Dirceu é um parvo. Deve ser demitido por incompetência;
2) se sabia, pior ainda. Deve ser demitido por Lula e cassado pela Câmara dos Deputados -Dirceu é deputado federal pelo PT paulista.
É evidente que Lula conseguirá
abafar o caso. Tem ampla base de
apoio no Congresso. Em 1997, FHC
enterrou a CPI da compra de votos
da reeleição na base da fisiologia
-deu dois ministérios ao PMDB.
Lula é previdente e mais cauteloso:
deu os cargos antes da crise. |
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