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MORTE EM HAIA
Slobodan Milosevic, o ex-ditador da antiga Iugoslávia, que foi
encontrado morto neste fim de semana em sua cela em Haia (Holanda), já havia conquistado um lugar
no panteão dos grandes criminosos
da história. A odiosa campanha de
limpeza étnica que promoveu na
Bósnia nos anos 90 está entre os
mais sombrios momentos da história recente da humanidade. Sua morte, em circunstâncias ainda por esclarecer, não deverá produzir grandes conseqüências políticas, mas
priva o mundo de levar a cabo um julgamento que seria exemplar.
Milosevic era o mais importante
réu a ser julgado pelo Tribunal Penal
Internacional para a ex-Iugoslávia.
Respondia por 66 acusações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, cometidos na
Croácia, na Bósnia e em Kosovo durante e depois da violenta desintegração da Iugoslávia nos anos 1990. Estima-se que 130 mil pessoas tenham
morrido nesses conflitos.
A despeito da importância de seu
julgamento na Holanda, é condenável a forma como Milosevic foi levado àquela corte. O ex-ditador, foi, afinal, comprado pela cifra de US$ 1,3
bilhão. Autoridades iugoslavas só se
"decidiram" a entregá-lo à Justiça da
ONU em troca da ajuda financeira do
governo americano, então sob o democrata Bill Clinton. O também chamado Açougueiro de Belgrado, apesar de ter sido um facínora internacional, deveria ter recebido tratamento legal acima de qualquer dúvida.
É exagero afirmar que, com sua
morte aos 64 anos, Milosevic tenha
driblado a Justiça. Ele estava preso
desde 2002 e morreu entre as grades.
Mas é forçoso reconhecer que uma
condenação formal teria dado força à
idéia de uma corte penal internacional. Uma instituição como essa não
colocaria fim às tiranias -déspotas
continuarão a agir pelo mundo sob o
beneplácito de grandes potências.
Mas seria um meio de levar ao menos
alguns grandes ditadores às barras
da Justiça quando os ventos da política internacional ajudassem.
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