|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMÍLIO ODEBRECHT
Planejando a vida
HOJE, O CONCEITO de aposentadoria, embora ainda
enraizado em nossa sociedade, já não remete às ideias de
inércia e indolência.
Há muitos aposentados que continuam trabalhando. Alguns por
necessidade e outros pelo prazer
de exercer suas profissões. Há também os que desenvolvem habilidades e adquirem qualificações que
não tinham para que possam contribuir mais com suas comunidades e com o país.
Defendo a permanência na ativa,
pois o trabalho é um dos pilares da
saúde física e emocional da pessoa.
Sem ocupação física e mental, o
edifício da vida corre o risco de
ruir. Mas a terceira idade, com toda
sua complexidade, é um período da
vida para o qual a preparação deve
começar já na primeira.
A vida produtiva tem três momentos distintos.
No primeiro, somos jovens,
cheios de ímpeto, mas carecemos
de domínio sobre o que optamos
por fazer. É um tempo de consolidação do que se aprendeu até então
e de confronto com a realidade.
Nessa época, o que nos move é o
desejo de realização pessoal, profissional e econômica.
No segundo, por força da prática,
atinge-se a plenitude da capacidade produtiva. O profissional gera
resultados, educa os mais novos e,
no convívio com os mais velhos,
continua se instruindo e absorvendo sabedoria.
Por fim, chega-se ao terceiro
tempo. É a hora de merecer o reconhecimento pelo labor e pela conduta. É, também, a fase da retribuição, que consiste em repassar à
próxima geração os conhecimentos acumulados até então.
É esse o melhor modo de lidar
com o passar dos anos: trabalhando e ensinando, pelo fazer e pelo
exemplo.
Chegar bem à terceira idade é resultado de conquista, não de sorte.
Aliás, quanto mais trabalho, mais
tenho sorte. O indivíduo que planejar esse momento com antecedência poderá vivê-lo realizado como cidadão e como profissional e
senhor de patrimônio material e
moral que garanta a si e à sua família segurança e conforto.
A vida das pessoas está ficando
cada vez mais longa. Isso reforça a
responsabilidade que cada um de
nós tem de tomar as providências
para manter-se saudável, lúcido e
produtivo, de modo que, ao atingir
a terceira idade, não se torne um
velho, torne-se apenas um idoso.
Nas empresas, quem pretende
permanecer ativo e útil até o fim da
vida não deve fazê-lo como executivo nem concorrer com a geração
que sucedeu a sua. Deve, sim, continuar presente, servindo de referência e guia para os jovens que, como ele, estejam comprometidos
em construir valores intangíveis
que melhorem o planeta, o país e a
vida de cada ser humano.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Injustiça histórica Próximo Texto: Frases
Índice
|