São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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O FOCO DA POLÍTICA

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial -Iedi- lançou a série "Nova Política Industrial", procurando estimular o debate em torno do comércio exterior e da política industrial brasileira. Essa série junta-se às propostas lançadas pela Fiesp e pelos diferentes candidatos à Presidência para adensar as cadeias industriais e diminuir a vulnerabilidade externa do país.
O documento do Iedi destaca que a desvalorização do real promoveu expansão das exportações em vários setores, tais como aparelhos de rádio e TV, papel, alumínio, aço, carne e aeronaves. Todavia as exportações de café, fumo, óleo de soja e açúcar caíram 23% de 1999 a 2000 devido à queda dos preços internacionais.
A desvalorização promoveu também substituição de importações, sobretudo em segmentos com capacidade ociosa, como massas, algodão, vestuário, equipamentos industriais etc. Já as importações realizadas pelas indústrias eletroeletrônica, química, petroquímica e farmacêutica aumentaram em média 25% ao ano. Esses segmentos acumularam um déficit comercial de US$ 23 bilhões em 2000. Trata-se de segmentos muito dinâmicos na economia mundial e, na maioria, ausentes na estrutura brasileira.
Diante disso, o Iedi propôs a adoção de políticas de agregação de valor aos produtos de exportação sensíveis à desvalorização, mediante inovação tecnológica e promoção de marcas brasileiras, de modo a tornar os produtos nacionais menos vulneráveis às oscilações de preços externos. Para os setores com importações pouco sensíveis à desvalorização, recomendou políticas setoriais.
Diante da deterioração do cenário econômico interno e externo, é oportuno que diferentes agentes e setores sociais voltem a discutir e a planejar futuras políticas industriais. No entanto as restrições fiscais e monetárias impõem a necessidade de focalizar os objetivos e os instrumentos utilizados para estimular cada um dos setores, com a definição de metas a serem alcançadas. A política econômica precisaria se ancorar não apenas nas metas de inflação e de superávit fiscal mas também, por exemplo, em metas de expansão setoriais e de superávit comercial.


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