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O governo no varejo
Balanço de metas da gestão paulista, com resultado insatisfatório em temas importantes, amplia transparência
EDUCAÇÃO , saúde, transportes, segurança. Nada
mais habitual, no discurso político, do que a invocação genérica de tais prioridades a cada campanha eleitoral.
Mencionadas de forma abstrata,
criam um fácil consenso junto ao
público -que não ignora as deficiências da atuação do Estado
nessas áreas, mas conta com
poucos mecanismos para avaliar,
em detalhe, os avanços e as falhas de cada administração.
O governo estadual deu um
passo, nesta semana, no sentido
de tornar suscetíveis de acompanhamento e fiscalização suas
realizações e seus fracassos administrativos. Divulgou-se, e está disponível na internet, o balanço anual das metas traçadas
pelo próprio governo em 2008.
Os mais variados aspectos da
administração estadual são contemplados do documento. Do
número de visitantes na Pinacoteca do Estado ao índice de aprovação dos alunos na rede pública,
da quantidade de vacinas aplicadas à construção de novas salas
de aula, tornam-se disponíveis
para consulta as metas do governo, e mesmo os motivos alegados
para seu descumprimento.
O balanço, embora parcial, é
insatisfatório em pontos importantes. Dos compromissos previstos em 2008, 40% não foram
totalmente alcançados, ainda
que boa parte tenha ficado próxima da meta.
Pretendia-se, por exemplo,
concluir quase a metade das
obras da primeira fase da Linha 4
do metrô paulistano, que ligará a
Luz, no centro, à Vila Sônia, na
zona oeste. Apenas 20,35% foram concluídos. A justificativa,
bastante obscura em sua formulação sintética, é que houve alteração do cronograma.
Construíram-se bem menos
escolas que o pretendido: da meta de 1.457 salas, pouco mais de
um décimo foi concluído. A
questão crônica da superlotação
nos presídios continua sem resposta adequada. Previam-se 12,5
mil novas vagas em presídios;
apenas 2.032 foram abertas.
"No varejo", diz o governador
José Serra (PSDB), "sempre se
encontra lugar em que a meta
não é atingida". Mas é precisamente o "varejo", para usar os
termos do governador, que passa
a ser acompanhado. A divulgação
dos dados, aliás, foi determinada
por lei de iniciativa do próprio
Serra, e um sistema semelhante,
implantado por pressão da sociedade civil, passou a ser adotado
na Prefeitura de São Paulo.
Certamente, só no final do
mandato pode-se avaliar o desempenho de uma administração. Atrasos no ritmo de obras,
por exemplo, podem ser recuperados no ano seguinte.
O governo ainda argumenta
que, computando-se os avanços
parciais realizados em todas as
metas, os resultados se tornam
mais favoráveis para a administração. Chega-se a 80% de objetivos alcançados.
Seria difícil, por certo, encontrar alguém que se satisfizesse
apenas com essa explicação. O
importante, de todo modo, é que
os cidadãos dispõem de um retrato mais claro e específico do
que foi feito e do que há por fazer.
Uma meta de destaque, ainda
que não quantificável no orçamento -a maior transparência
do setor público-, ganha um efetivo passo na sua realização.
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