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KENNETH MAXWELL
Sabendo onde estamos
EM UMA OCASIÃO notória, Ronald Reagan chegou ao Brasil
e imaginou que estivesse na
Bolívia. Mas a confusão geográfica
não é algo que se limite aos presidentes norte-americanos. Em
2006, 65% dos jovens adultos norte-americanos não eram capazes
de localizar o Reino Unido em um
mapa.
Isso parece cada vez mais estranho se levarmos em conta o acesso
a sites como o Google Earth, disponíveis em qualquer laptop. O mais
triste é que professores e alunos raramente empreguem esse tipo de
ferramenta em classe para ver o
mundo e aprender alguns fatos básicos sobre geografia.
Quando comecei a lecionar na
Universidade Columbia, nos anos
70, eu queria demonstrar a posição
de alguns dos domínios dos impérios europeus na África ao final do
século 19. A sala de aulas se localizava em um edifício antigo, e reparei que aparentemente existiam alguns mapas enrolados e presos ao
alto das paredes. Estendi um deles.
O mapa mostrava mesmo a África.
Mas era tão antigo que os territórios africanos dos impérios europeus que eu desejava discutir não
haviam nem mesmo sido adquiridos quando o mapa foi impresso.
Mas hoje, ainda que disponhamos da tecnologia necessária para
exibir processos como a expansão
imperial por meio de imagens móveis, nós raramente a empregamos.
A maior parte dos alunos de universidades assiste a aulas com seus
laptops, mas a maioria dos professores ainda leciona como se continuássemos no século 19. E, como
eles vêem apenas a parte traseira
das telas dos computadores de seus
alunos, não fazem idéia do que os
estudantes estão fazendo realmente em classe; a maioria deles parece
estar sempre navegando pela internet.
Tudo isso significa que a chegada
de laptops baratos às escolas públicas não produzirá os milagres esperados. Mas o problema não é a
tecnologia, e sim o conteúdo.
De fato, as oportunidades de
compreender melhor o mundo são
espantosas para um curso de história do Brasil, por exemplo. Seria
maravilhoso poder exibir em imagens e mapas a colonização do Brasil, o crescimento do cultivo da cana-de-açúcar no século 17 e o da soja no 20, ou a grande migração do
Nordeste para o Sul. Poder ver virtualmente como, onde e quando o
Brasil aconteceu.
Assim, em 2009, quando o presidente Obama ou a presidente Clinton visitarem o presidente Lula em
Brasília, eles talvez efetivamente
possam, ao contrário do confuso
senhor Reagan, ter alguma chance
de saber onde estão.
kmaxwell@fas.harvard.edu
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de Paulo Migliacci
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