São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A tribuna de Lula em Londres MARCO AURÉLIO GARCIA
A reconstrução da economia
brasileira, para produzir, pela primeira vez na história, crescimento com
distribuição de renda e democracia, exige muito mais do que as medidas de saneamento da pesada herança macroeconômica deixada pelo governo anterior. Para vencer a vulnerabilidade externa, principal problema econômico
do país, faz-se necessária também uma
presença forte e soberana do Brasil no
mundo.
O fato de a agenda do Brasil, assim como a da Argentina, do Chile ou da África do Sul, cujos presidentes também comparecem à reunião, ser diferente daquela dos países desenvolvidos presentes no evento não impede que a interlocução se estabeleça. Para o Brasil, o tema das desigualdades sociais tem prioridade sobre as importantes questões de segurança, até porque o enfrentamento destas últimas está em muito condicionado à resolução das primeiras. A tese do direito de intervenção para proteger direitos civis, suposta ou realmente violados em qualquer parte do mundo, não pode justificar, como aconteceu na Guerra do Iraque, a violação da soberania nacional, menos ainda quando desconhece a ONU e o direito internacional. A luta contra a proliferação de armas nucleares, biológicas e químicas deve ser acompanhada do empenho pelo desarmamento global, não sendo criadas exceções para as grandes potências. Buscar convergências, sem deixar de explicitar diferenças e divergências quando necessário, tem sido a marca da atuação internacional do Brasil depois de 1º de janeiro deste ano. A posição altiva e soberana de Lula em Washington, Davos, Evian e Londres mostra que o governo não busca confrontos, mas que não cede na defesa de seus princípios e do interesse nacional. Marco Aurélio Garcia, 62, professor licenciado do Departamento de História da Unicamp, é assessor especial de Política Externa da Presidência da República. Foi secretário de Cultura do município de São Paulo (gestão Marta Suplicy). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Celso Giglio: O PSDB em 2004 Índice |
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