|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INFILTRAÇÃO PERIGOSA
Processos do Superior Tribunal Militar, aos quais esta Folha
teve acesso, fornecem indícios de
que há uma perigosa relação comercial entre membros isolados das Forças Armadas e o narcotráfico, sobretudo no Rio de Janeiro.
Os dados do STM dão uma boa
idéia das investidas do crime organizado no meio militar. Entre 1995 e
2003, oito integrantes das Forças Armadas tiveram sua participação
comprovada no desvio de material
bélico. Só em 2004, além de três fuzileiros navais denunciados pelo mesmo delito, já foram condenados um
cabo e um recruta da Marinha.
As cifras relativas ao desaparecimento de armas nos paióis das Forças Armadas são mais eloqüentes.
De 2000 até aqui, considerando apenas quartéis fluminenses, 186 armas
foram desviadas. Dados como esses
-somados a casos como o da
apreensão de 161 granadas, oito minas terrestres e 30 mil cartuchos de
diversos calibres, em abril passado,
numa favela carioca- não deixam
dúvida de que o narcotráfico vem cada vez mais conseguindo estabelecer
contatos no interior da caserna para
incrementar seu arsenal.
Os recursos e o poder corruptor do
narcotráfico explicam sua capacidade de infiltração nas diversas instituições, num processo que precisa ser
urgentemente contido. O enfrentamento do crime organizado é uma
tarefa complexa que exige algo raro
no poder público brasileiro: a capacidade de desenvolver ações coordenadas em diferentes esferas. Lamentavelmente, em que pesem alguns esforços nesse sentido, o país ainda
precisa avançar muito no aperfeiçoamento técnico e no aparelhamento
das polícias, na melhor compilação e
circulação de informações entre os
órgãos de segurança, no combate à
corrupção de agentes públicos e no
cerceamento à lavagem de dinheiro.
Os sinais de crescimento do crime
organizado são alarmantes e, à medida em que o tempo passa, o quadro tende a se agravar, tornando-se
cada vez mais difícil de ser revertido.
Texto Anterior: Editoriais: POLARIZAÇÃO ELEITORAL Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Autismo em grau máximo Índice
|