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MANTER A VINCULAÇÃO
A boa notícia é que os investimentos em saúde e educação
têm aumentado nos últimos anos. A
má notícia é que os aumentos não
correspondem ao que está previsto
em lei. No caso da saúde, 17 Estados
não estão cumprindo a emenda
constitucional número 29, de 2000,
que estipulou um percentual mínimo de gastos com o setor. Em relação à educação, a obrigatoriedade de
repasse de 18% das receitas de impostos federais tem sido esvaziada
pelo fato de que tributos criados sob
a forma de "contribuições" (expediente cada vez mais comum) não
entram no cálculo.
Na área de saúde, um dos principais motivos para o descumprimento da Constituição são as divergências de interpretação sobre o que deve ser considerado gasto no setor.
Como a emenda 29 não foi regulamentada, há uma zona cinzenta: alguns Estados consideram que investimentos em saneamento, merenda
escolar ou hospitais voltados para
públicos específicos, como o militar,
devem entrar na conta. Na tentativa
de sanar a controvérsia, o Conselho
Nacional de Saúde editou uma resolução a respeito do assunto, mas
também ela tem sido contestada.
Toda essa confusão tem como pano de fundo o princípio geral de que
parte das receitas públicas deve ser
vinculada a determinadas despesas.
Embora constitua, de fato, um constrangimento para os administradores, a vinculação faz sentido diante
do quadro de carências sociais do
país. O mecanismo ergue uma barreira ao eventual abandono da saúde
e da educação pelos governantes.
Num quadro de forte restrição, para o qual colaboram os compromissos da dívida pública, essas vinculações tendem a ser mais contestadas.
Não há, no entanto, por ora, nada
que justifique uma mudança. Com
mais ou com menos recursos, parte
deles deve permanecer destinada à
educação e à saúde, sendo necessário
que o Ministério Público e a Justiça
não deixem que as irregularidades
ocorram impunemente.
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