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O DESAFIO É INVESTIR
Foi um número surpreendente
na avaliação da Fiesp: o nível de
emprego industrial paulista em outubro aumentou 0,51% em relação a
setembro, o melhor resultado para o
mês desde 1994. O desempenho serviu como um novo sopro de otimismo quanto ao início de um ciclo de
crescimento econômico.
Embora não pareça haver dúvidas
de que a economia vai se direcionando para uma fase de recuperação, os
índices divulgados devem ser observados com cuidado. Como notou a
própria diretora da Fiesp, Clarisse
Messer, vive-se um momento marcado por dificuldades para distinguir o
que é fator sazonal do que é tendência efetiva de retomada da atividade
econômica. A indústria vinha se desfazendo lentamente de estoques até
agosto, e o varejo concentrou novas
encomendas a partir de setembro.
Essa coincidência não pode ser ignorada na análise do aumento de vagas
registrado nesses dois meses. Deve-se notar, também, que o principal
impulso às contratações veio do setor exportador -cujo desempenho
ao longo do ano evitou que o quadro
de recessão industrial se tornasse
ainda mais dramático.
Nada disso significa que as perspectivas não sejam de melhoria. Ao
contrário, assessorias e analistas
econômicos já projetam crescimento
de até 4% em 2004. Se bem que tais
projeções possam sempre ser revistas, elas sinalizam um ambiente de
mais confiança no desempenho da
atividade produtiva. É cedo porém
para ter uma idéia mais consistente
de quanto essa retomada da economia poderá influir na queda do desemprego. Uma recuperação cíclica,
baseada no consumo, poderá produzir algum alívio, mas não terá condições de gerar uma ampliação significativa e duradoura de vagas.
Persistem ainda as dúvidas sobre a
questão crucial para definir o comportamento do emprego e o fôlego
do crescimento: que padrão de investimento virá proximamente? Criar as
condições para recuperar a confiança no futuro da economia e incentivar a decisão de investir é o grande
desafio que está na mesa.
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