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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

O passo seguinte

BRASÍLIA - O governo Lula apanhou muito no início por causa da política macroeconômica, com juros e superávits fiscais altíssimos. Agora, quando o excesso de cuidado começa a dar resultados positivos, o governo continua apanhando. Mas por causa da micropolítica do dia-a-dia, de velhinhos, de deficientes, de verbas da Saúde. E por falar besteira.
Quando Palocci assumiu, com cara de Malan, jeito de Malan e política de Malan, foi um deus-nos-acuda entre os que detestavam o ministro do governo tucano e os que, petistas ou não, estavam secos por mudanças profundas e rápidas.
Os efeitos, porém, estão aparecendo aos poucos, com a inflação sob controle, o risco-país caindo, as Bolsas em recuperação e, principalmente, os sinais de reaquecimento industrial. Capa do caderno Dinheiro da Folha de ontem: "Indústria de SP contrata pelo 2º mês seguido".
São boas notícias, apesar de insuficientes para comemorações e para o mais governista dos governistas vislumbrar um "espetáculo do crescimento". E falta muito. O fim do ano está sendo um pouco melhor do que o início, mas a dependência externa e a dívida pública ainda assustam. A estabilidade não é sustentável.
É por isso -ou seja, pela necessidade de manter a ortodoxia e o cofre trancado- que Palocci insiste que a coisa anda feia e que o Orçamento não dá para nada. Se você fosse ministro da Fazenda diria diferente para governadores e prefeitos?
Bem, Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) cobrou ontem "mais ousadia" dos setores privados e do próprio governo para aproveitar a boa onda na economia. Isso, para ele, significa pesados investimentos em construção civil, saneamento e habitação. Significa pressionar o crescimento, gerar empregos.
Para quem viu na declaração algo contra o governo, pode tirar o cavalinho da chuva. Furlan falou, além do óbvio, exatamente o que o chefe Lula acha e quer. A ortodoxia de Palocci é necessária e tem-se mostrado eficaz. Mas Lula está louco mesmo é para dar boas notícias. E já.


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