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ELIANE CANTANHÊDE
O passo seguinte
BRASÍLIA - O governo Lula apanhou muito no início por causa da política
macroeconômica, com juros e superávits fiscais altíssimos. Agora, quando o excesso de cuidado começa a dar
resultados positivos, o governo continua apanhando. Mas por causa da
micropolítica do dia-a-dia, de velhinhos, de deficientes, de verbas da
Saúde. E por falar besteira.
Quando Palocci assumiu, com cara
de Malan, jeito de Malan e política de
Malan, foi um deus-nos-acuda entre
os que detestavam o ministro do governo tucano e os que, petistas ou
não, estavam secos por mudanças
profundas e rápidas.
Os efeitos, porém, estão aparecendo
aos poucos, com a inflação sob controle, o risco-país caindo, as Bolsas
em recuperação e, principalmente, os
sinais de reaquecimento industrial.
Capa do caderno Dinheiro da Folha
de ontem: "Indústria de SP contrata
pelo 2º mês seguido".
São boas notícias, apesar de insuficientes para comemorações e para o
mais governista dos governistas vislumbrar um "espetáculo do crescimento". E falta muito. O fim do ano
está sendo um pouco melhor do que o
início, mas a dependência externa e a
dívida pública ainda assustam. A estabilidade não é sustentável.
É por isso -ou seja, pela necessidade de manter a ortodoxia e o cofre
trancado- que Palocci insiste que a
coisa anda feia e que o Orçamento
não dá para nada. Se você fosse ministro da Fazenda diria diferente para governadores e prefeitos?
Bem, Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) cobrou ontem "mais
ousadia" dos setores privados e do
próprio governo para aproveitar a
boa onda na economia. Isso, para ele,
significa pesados investimentos em
construção civil, saneamento e habitação. Significa pressionar o crescimento, gerar empregos.
Para quem viu na declaração algo
contra o governo, pode tirar o cavalinho da chuva. Furlan falou, além do
óbvio, exatamente o que o chefe Lula
acha e quer. A ortodoxia de Palocci é
necessária e tem-se mostrado eficaz.
Mas Lula está louco mesmo é para
dar boas notícias. E já.
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