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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Geisy na folia
SÃO PAULO - Com a palavra, o
apresentador do "Fantástico": "A
polêmica acabou em samba. Lembra da Geisy, aquela do vestidinho
rosa que provocou um rebuliço numa universidade em São Paulo? Ela
está de volta, modificada, revista e
ampliada". Assim começava a reportagem do dominical da Globo
sobre a lipoescultura a que se submeteu a estudante Geisy Arruda.
Tratava-se de mostrar em primeira
mão o "novo visual" que a musa acidental da Uniban iria exibir durante os festejos momescos.
"Samba, vestidinho rosa, rebuliço" -as expressões engraçadinhas
do locutor dão o tom acafajestado
do suflê destinado a entreter os lares no final do domingão.
Uma das coisas que mais chamam a atenção no caso Geisy é a
conversão do trauma em oportunidade, da humilhação em dinheiro,
da selvageria em diversão de massa.
A passagem entre uma coisa e outra
se deu de maneira instantânea, sem
que houvesse tempo para a elaboração do luto ou preocupação em refletir sobre o que aconteceu.
Depois de dizer que cinco litros
de gordura foram pelo ralo, que "a
barriga virou bumbum" e que Geisy
ganhou quase meio litro de silicone
em cada peito, o repórter pergunta:
"Será que uma lourona dessas passa
despercebida nas ruas?"
Vemos então miss Uniban desfilar pelos bares, entre marmanjos
ouriçados a emitir sons de aprovação e correr para clicar a "nova
Geisy" com os celulares. A cena
lembra a turba em fúria nos corredores da universidade.
Aquilo que a escola prometia como perspectiva remota (uma vida
melhor com o canudo na mão),
Geisy alcançou num estalo, não pelo que aprendeu, mas como vítima
da estupidez e da atrocidade do ambiente de ensino que frequentava.
Talvez ainda exista a tentação de
criticar o deslumbramento da garota com sua fama descartável. Mas
por quê? Ela não é mais vulgar do
que as apelações da mídia a seu respeito. Ela não é mais frívola do que
o jornalismo de celebridades e seus
espectadores.
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