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FERNANDO RODRIGUES
Eis o fato novo para a CPI
BRASÍLIA - Dois ex-diretores da maior multinacional de informática
para jogatina do planeta, a GTech, foram à Polícia Federal na sexta-feira. Confirmaram encontros com Waldomiro Diniz já durante o governo Lula. Nada de novo.
Nessas reuniões, o ex-funcionário
do Palácio do Planalto se apresentava como "assessor do ministro-chefe
da Casa Civil", José Dirceu. Fato já
conhecido. Nada de novo.
A pauta de Waldomiro era a renovação de um contrato de mais de R$
700 milhões da GTech com a Caixa
Econômica Federal. Nada de novo.
Ocorre que os dois ex-integrantes
da GTech afirmaram à PF que Waldomiro apresentou uma condição
para que a CEF renovasse seu contrato com a multinacional: o pagamento de até R$ 20 milhões (acabou ficando por R$ 6 milhões) para uma
empresa de consultoria. Pode ser tudo mentira? Pode. Mas não interessa.
Eis aí um fato novo. Novíssimo.
Os R$ 6 milhões de propina iriam
para uma empresa de consultoria de
um secretário de governo de Ribeirão
Preto nos anos 90, quando o prefeito
dessa cidade era Antonio Palocci Filho, o atual ministro da Fazenda.
Resumo: o ex-assessor de José Dirceu é acusado, em depoimentos à PF,
de praticar concussão durante o governo Lula, no ano passado.
Os governistas já usam o sofisma
habitual. A revelação dessa possível
nova estripulia de Waldomiro é sinal
de que a investigação está andando.
Errado. Só demonstra como o caso é
nebuloso e sombrio.
Para começar, a investigação corre
sob um inexplicável sigilo. Até hoje
também não houve requisição da PF
para que o Planalto forneça a relação
das ligações telefônicas recebidas e
efetuadas por Waldomiro.
Uma CPI tem defeitos e excessos.
Num país com instituições frágeis como o Brasil, infelizmente, é o único
meio capaz de dar as respostas com a
celeridade que a sociedade espera para um escândalo que respinga nos
dois principais ministros de Lula.
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