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ELIANE CANTANHÊDE
O pecado vem de cima
BRASÍLIA - Sempre há mil e um
pretextos para adiar a reforma política, e desta vez é a falta de consenso
sobre a lista fechada de candidatos,
quando a cúpula partidária "elege"
os felizardos, e o eleitor vota no partido, não em nomes.
Os favoráveis lembram exemplos
como o de Ulysses Guimarães, fundamental no jogo político nacional,
mas "ruim de voto". Ou seja, a mudança seria positiva para garantir
os líderes efetivos e reforçar os partidos. Seria ótimo se os líderes não
fossem como são.
Os contrários argumentam que
os partidos estão estraçalhados,
que seus líderes se meteram nas
piores confusões e que as listas bloqueariam qualquer chance de renovação política. Simplesmente manteriam os erros -e os errados.
Esse argumento tem até cara(s) e
nome(s), basta cotejar a lista dos
presidentes dos partidos da base
aliada ao governo à dos principais
envolvidos no mensalão e ver que
elas se confundiam. Eram os presidentes do PTB, do PP, do PL e do
próprio PT. Em caso de lista fechada, seriam eles e seus paus-mandados que definiriam os candidatos.
Como diziam os petistas que se
rebelaram contra a posição da cúpula pró-lista fechada, os "Delúbios
da vida" é que acabariam determinando quem seria e quem não seria
candidato, ou seja, quem entraria
ou não no reino dos céus.
Como tudo em política (e deve
ser assim mesmo), o mais provável
é que haja um meio-termo, uma
"lista híbrida" contemplando um
tratamento especial aos efetivos líderes, mas com possibilidade de votar em candidatos separadamente.
Disso depende todo o resto da reforma -ou, pelo menos, dependia.
Ontem, o presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia, já dizia que o
verdadeiro eixo não é a lista, mas o
financiamento público de campanhas. Ah, bom! Agora é que ficou fácil. Será? A reforma política é aquela que todo mundo defende, mas
ninguém faz.
elianec@uol.com.br
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