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CESAR MAIA
Internacional democrata
O MOVIMENTO comunista,
no século 19, criou uma organização internacional de
partidos políticos: a Internacional
Comunista -IC. A IC ia além dos
debates político-ideológicos. Atuava operacionalmente nos países de
seus partidos. A Internacional Socialista -IS- se confundia com a
IC no início. Mas, a partir da divisão entre comunistas e socialistas,
a IS organizou-se como fórum de
debates e orientações, sem ação
operacional nos países de seus
membros.
Os partidos do centro à direita só
constituíram suas "internacionais"
após a Segunda Guerra. A primeira,
a Internacional Democrata-Cristã
-IDC-, com expressiva presença
na América Latina (Chile e Venezuela), estabeleceu-se como fórum
de debates e orientações.
A Internacional Liberal atuava
sem a intensidade da IS e da IDC. A
desintegração da URSS desfez a IC.
A IS cresceu, ampliou sua atuação
na formação de quadros e se fez
presente nas regiões dos partidos
membros. O sistema político alemão (pós-Guerra), ao criar e financiar as "fundações" ligadas aos partidos, desdobrou sua atuação internacional, mantendo-se sempre no
escopo dos debates, orientação e
formação de quadros.
Esse quadro mudou para os partidos do centro à direita. O Parlamento Europeu, definindo blocos,
articulou-se internacionalmente.
A IDC ampliou sua base: manteve a
sigla e mudou o nome para Internacional Democrata de Centro. Na
Europa, se tornou majoritária com
seu bloco, o Partido Popular Europeu (PPE, de Merkel, Sarkozy etc.).
A Internacional Liberal -aproximando-se do centro com os conservadores britânicos, liderados
por Cameron- transformou-se
em União Democrata Internacional -UDI- e ampliou sua base, e
seu bloco, a partir das eleições europeias de junho. Alguns partidos
europeus -como o CDU de Merkel- participam de ambas -IDC e
UDI.
Na América Latina, a IS não
constitui uma organização regional como representação. A novidade é a Alba, "bolivariana", que atua
regionalmente e repete a prática da
IC, intervindo operacionalmente
nos países de seus partidos. Honduras é apenas um exemplo.
A IDC, mantendo a denominação anterior (ODCA), atua regionalmente como fórum e formação
política. A novidade é a Upla
-União de Partidos Latino-Americanos-, ligada à UDI. Como fórum
e formação, decidiu atuar operacionalmente e fazer o contraponto
à Alba. Para isso, criará no Rio
(com apoio do DEM, em 10/09), a
Frente Democrática da América
Latina, que será um braço político
também operacional.
Com isso, o panorama latino-americano verá -pela primeira
vez- forças ideologicamente opostas atuarem num campo que a cada
dia se torna mais conflituoso.
cesar.maia@uol.com.br
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
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