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CLÓVIS ROSSI
Nasce uma nova religião?
SÃO PAULO - O presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou ontem o fim do que chamou de "religião das cifras" e pregou uma "revolução" para entronizar um novo
conceito que eu traduzo, livremente, por Felicidade Nacional Bruta.
Nas palavras de Sarkozy, é preciso que a França e a União Europeia
liderem movimento para mudar os
"aparelhos estatísticos internacionais" para adotar uma "ideia-chave,
a de pôr a ênfase na medição do
bem-estar das populações em vez
da produção econômica".
Ou, sempre segundo Sarkozy,
trocar a "religião das cifras, por trás
da qual está a religião do mercado",
por uma "política de civilização".
É importante ressaltar que Sarkozy não está sozinho. Sua sensível
antena política captou que a agenda
internacional mudou na direção de
uma economia civilizada.
O espaço não me permite listar
todos os fatos que demonstram a
mudança. Fico em um, talvez o
mais abrangente: a Pesquisa Mundial Econômica e Social-2009, que
acaba de ser divulgada pelas Nações
Unidas, pede "um enfoque integrado" entre desenvolvimento puro e
simples ("a religião das cifras") e
desenvolvimento sustentável.
Acrescenta: "A chave para esse
enfoque é a transformação da economia global para um baixo consumo de carbono com alto crescimento -uma transformação que possa
manter um aumento da temperatura consistente com a estabilidade
ambiental tal como definida pela
comunidade científica".
Até o Brasil, que geralmente chega com atraso à mudança da agenda
global, aderirá a esse conceito, se
aceitar os termos que a União Europeia está propondo para o comunicado final da reunião entre os europeus e o Brasil, no dia 6, em Estocolmo. O esboço obtido pela Folha diz:
"Brasil e União Europeia reiteram
que a mudança climática é um dos
desafios mais significativos de nosso tempo e requer uma resposta
global urgente e extraordinária".
crossi@uol.com.br
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