São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

É preciso punir

A repetição de casos de corrupção como os desbaratados recentemente no Estado do Amapá e na cidade de Dourados (MS) não deve minimizar a reação da sociedade ao que se configura como a transformação de áreas inteiras do poder público em território de quadrilhas do crime organizado.
No primeiro caso, estão na cadeia o atual governador, que tenta se reeleger, e seu antecessor, que busca uma vaga no Senado; no segundo, foram detidos e indiciados o prefeito, o vice-prefeito e o presidente da Câmara.
No Amapá, a suspeita é a de que havia um esquema de abdução de recursos federais que pode chegar a R$ 800 milhões; em Dourados, verificava-se o sistemático desvio de 10% dos contratos firmados pela prefeitura.
Operações desse tipo somam-se às estatísticas de investidas da Polícia Federal contra a corrupção, que representaram 23% de suas ações nos seis primeiros anos do governo Lula. São raros no entanto os casos em que, passado o choque inicial e o desconforto dos políticos de ter de passar alguns dias ou meses na prisão, os acusados sejam julgados e punidos.
É esse padrão de impunidade que incentiva a perpetuação de esquemas como os citados, apesar de o presidente Lula, numa declaração quase cômica, dizer que, em seu governo, "só tem um jeito de bandido não ser preso: é ele não ser bandido". A favor da PF, no caso, pesa o fato de que apenas um dia antes da prisão dos acusados o presidente apareceu na TV pedindo votos para um dos presos.
Para que se mostre verdadeiramente eficaz, o combate precisa ir além do espalhafato de operações policiais e se materializar em investigações sistemáticas e condenações na Justiça.


Texto Anterior: Editoriais: Males a extirpar
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Serra no espelho
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.