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Editoriais
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É preciso punir
A repetição de casos de corrupção como os desbaratados recentemente no Estado do Amapá e na
cidade de Dourados (MS) não deve minimizar a reação da sociedade ao que se configura como a
transformação de áreas inteiras
do poder público em território de
quadrilhas do crime organizado.
No primeiro caso, estão na cadeia o atual governador, que tenta
se reeleger, e seu antecessor, que
busca uma vaga no Senado; no segundo, foram detidos e indiciados
o prefeito, o vice-prefeito e o presidente da Câmara.
No Amapá, a suspeita é a de que
havia um esquema de abdução de
recursos federais que pode chegar
a R$ 800 milhões; em Dourados,
verificava-se o sistemático desvio
de 10% dos contratos firmados pela prefeitura.
Operações desse tipo somam-se
às estatísticas de investidas da Polícia Federal contra a corrupção,
que representaram 23% de suas
ações nos seis primeiros anos do
governo Lula. São raros no entanto os casos em que, passado o choque inicial e o desconforto dos políticos de ter de passar alguns dias
ou meses na prisão, os acusados
sejam julgados e punidos.
É esse padrão de impunidade
que incentiva a perpetuação de esquemas como os citados, apesar
de o presidente Lula, numa declaração quase cômica, dizer que, em
seu governo, "só tem um jeito de
bandido não ser preso: é ele não
ser bandido". A favor da PF, no caso, pesa o fato de que apenas um
dia antes da prisão dos acusados o
presidente apareceu na TV pedindo votos para um dos presos.
Para que se mostre verdadeiramente eficaz, o combate precisa ir
além do espalhafato de operações
policiais e se materializar em investigações sistemáticas e condenações na Justiça.
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