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Lauro Morhy, o da UnB
RUI NOGUEIRA
Brasília -Os outros Morhy, de sangue
libanês e irlandês, estão espalhados
pelo Brasil. O Lauro, reitor que completou ontem exatos dois anos à frente
da Universidade de Brasília (UnB),
nasceu no verde amazônico, "por onde é hoje Rondônia, ao tempo em que
Rondônia ainda não existia". O pai
recepcionou Rondon.
Para quem vê os reitores como figuras ungidas na defesa pura e simplesmente corporativa do campus, conhecer o da UnB é um choque.
Morhy rejeita a instrumentalização
partidária do espaço político universitário e trava o bom combate contra o
corporativismo. Fala com a autoridade de quem desafia o torniquete do
MEC e da Fazenda com a geração
crescente de recursos próprios -"cerca de R$ 70 milhões até o final deste
ano", mais de um terço do Orçamento
da União que mal dá para os seis primeiros meses do ano.
A UnB, a instituição mais bem posicionada nos provões do MEC, virou
uma usina de prestação de serviços
públicos, consultorias, convênios, projetos espalhados por todo o DF e pela
Amazônia. Tudo que faça ver à sociedade a importância de uma universidade pública. Sempre em parcerias,
com a declarada intenção de "publicizar o privado" e não de privatizar o
público.
Morhy acredita que a sobrevivência
da universidade pública esteja diretamente ligada ao tamanho do pulo para fora dos muros do campus. E aqui
entra em discussão a autonomia.
Nem a autonomia do MEC, que fala
muito, mas não garante nada, nem a
autonomia de Malan, que fala pouco
e joga muito por debaixo do pano.
Morhy só quer a autonomia.
"A autonomia deles é a autonomia
do cabresto", diz o reitor. Traduzindo:
"Eu quero saber quanto eu tenho do
Orçamento e quero o dinheiro. O que
eu não aceito é que esse dinheiro, de
uma instituição dita autônoma, seja
submetido à regra de contingenciamento, ao jogo de caixa da equipe
econômica".
O problema é que Paulo Renato e
Malan têm acesso fácil à mídia, e
Morhy é um desconhecido atrás de soluções concretas para problemas concretos.
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