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MARCELO BERABA
Estado de graça
RIO DE JANEIRO - O poder rejuvenesce, dizia Ulysses Guimarães. Outros
tantos políticos, provectos ou não, já
consagraram o dito. Mas a derrota
não envelhece, não necessariamente.
A governadora Benedita da Silva e o
PT do Rio vivem uma fase de estado
de graça que até faz crer que venceram a eleição estadual.
Essa sensação de bem-estar não se
deve apenas à vitória nacional de Lula nem à expectativa de que Benedita, maior nome do PT fluminense,
venha a assumir um cargo nacional a
partir de janeiro. O PT está convencido de que sua administração no Rio
acabou aprovada, apesar da derrota
para Rosinha Garotinho.
Como ainda não há pesquisa de
avaliação de governo, fica o registro
das impressões. E a mais forte é a de
que, realmente, após a derrota no
primeiro turno, o governo de Benedita passou a contar com a simpatia e o
reconhecimento tardio de uma parcela bastante grande da população.
Ainda é cedo para uma avaliação
do governo petista porque faltam
dois meses para que se encerre. E em
dois meses no Rio, todos sabem, pode
acontecer de tudo. Mas pode-se afirmar que a mudança de humor no Estado ocorreu depois da prisão de
Elias Maluco, um dos acusados do
assassinato do jornalista Tim Lopes,
e do tratamento disciplinar enfim
impingido aos comandantes do narcotráfico presos.
Quando o trabalho da polícia começou a aparecer, já era tarde. A
eleição estava definida. E, mesmo
que houvesse mais prazo, não é certo
que Benedita conseguisse empurrar a
decisão para o segundo turno.
Mas isso tudo são águas passadas.
Quem conversa com a turma do PT
do Rio fica até com a impressão de
que, embora quisessem ganhar, estão
aliviados. Concluem o mandato sem
o apocalipse vaticinado. E acham
que acumularam credibilidade e experiência para a próxima eleição.
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