São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Os juízes e os patrocínios

BRASÍLIA - Mais de 40 juízes desfrutaram o feriado de 7 de Setembro numa praia da Bahia. A Febraban pagou todas as despesas. Criticados, os juízes trataram o episódio com desdém. Consideram natural os bancos pagarem para serem ouvidos. Na ocasião, as instituições financeiras tentaram convencer os magistrados de que o juro brasileiro não é assim tão alto. A Febraban está na dela. Convida. Se os juízes aceitam, jogo jogado. Fazem tudo à luz do dia. Acham que assim não há problema.
Pois hoje a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) abre seu 19º congresso. O tema é atual: "Desenvolvimento, uma questão de justiça". Será em Curitiba, no Paraná. Tudo à luz do dia. Quem fizer uma visita ao endereço www.amb.com.br encontrará a lista de patrocinadores. Bradesco, Vale do Rio do Doce, Banco do Brasil, Nestlé e Volkswagen. Tudo transparente, como as vitrines de Amsterdã.
Essas empresas têm algo em comum. São partes em ações na Justiça. O patrocínio pode não garantir a elas julgamentos camaradas. Mas revela o abismo entre certas instituições e a sociedade. O MST, por óbvio, não foi convidado a patrocinar o evento das excelências no Paraná.
Na abertura do encontro de hoje em Curitiba, os juízes terão uma amenidade inicial: a "graciosidade e a leveza de ginastas" brasileiros, inclusive a consagrada Daiane dos Santos. Ninguém é de ferro.
Quando houve o convescote na Bahia e suas atividades amenas, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) abriu um procedimento para verificar se era apropriado juízes irem a eventos dessa ordem. Até hoje não há decisão tomada. Não é fácil julgar tais atitudes.
Talvez por essa razão o CNJ terá pelo menos dois de seus integrantes no encontro de Curitiba. Poderão examinar de perto a relação entre juízes e patrocinadores.


frodriguesbsb@uol.com.br

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