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PERIGO NUCLEAR
A proliferação de armas nucleares, colocada em evidência
pela recente admissão de parte do
cientista nuclear paquistanês Abdul
Qadeer Khan de que ele vendia segredos atômicos e equipamentos a países como o Irã e a Coréia do Norte, é
sem sombra de dúvida um problema
para a segurança mundial. Há vários
tipos de risco de diferentes níveis. A
perspectiva mais ameaçadora é a de
que grupos terroristas como a Al
Qaeda consigam apoderar-se de artefatos nucleares. Inspiram especial
temor os hoje precariamente guardados arsenais da antiga URSS.
Bem mais complexa é a questão da
proliferação entre países. Diferentemente de uma Al Qaeda, que provavelmente usaria esse tipo de armamento, nações podem desejar conservar bombas nucleares como elemento de dissuasão, isto é, sem a intenção de usá-las ofensivamente.
Não é demais recordar que o chamado equilíbrio do terror, isto é, os
grandes arsenais mantidos pelos
EUA e pela URSS durante a Guerra
Fria, asseguraram quatro décadas de
relativa estabilidade mundial.
Mesmo Estados que vivem em situação de beligerância permanente,
como Índia, Paquistão e Israel, e que
mantêm bombas atômicas resistem
já há vários anos em utilizá-las. O
problema da lógica nuclear é que ela
tende a estabelecer uma corrida armamentista. Como Israel possui artefatos, seus inimigos árabes sentem-se também no direito de desenvolvê-los. Desnecessário dizer que,
quanto maior a proliferação nuclear,
maiores os riscos de uma catástrofe,
intencional ou mesmo acidental.
A forma que o mundo encontrou
para equacionar o problema, o Tratado de Não-Proliferação Nuclear,
deixa muito a desejar. Esse documento pretende criar duas categorias
de países, os com direito a possuir
armamento (EUA, Rússia, Reino
Unido, França e China) e os sem esse
direito. E, mesmo estabelecendo essa distinção filosoficamente insustentável, esse tratado não impediu
que Índia, Paquistão e Israel construíssem suas bombas.
Por mais irrealista que pareça, apenas um plano que preveja a eliminação total de armas nucleares conseguirá afastar o espectro de uma nova
hecatombe atômica.
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