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FERNANDO DE BARROS E SILVA
"Vilma" e o ET de Varginha
SÃO PAULO - Como quem conduz
uma criança pela mão, Lula vai
apresentando sua ministra-candidata ao povo brasileiro. "Dilma,
olhe na cara dessa gente. Você vai
perceber que o sertanejo é diferente", disse, no sertão pernambucano.
"Vilma", como a chamavam no
local, tentou fazer sua parte. Improvisou loas à mulher nordestina,
enalteceu o trabalhador que, "com
seu braço", sustentou outras regiões do país. Na manhã seguinte, já
no Rio Grande do Sul, Dilma voltou
a elogiar as mulheres e exaltou a
disposição de "correr atrás" e a
"dignidade da conduta", segundo
ela "diferenciais" do gaúcho.
Cada região do país merecerá um
trololó desse tipo. É "Vilma" tentando aplicar a (e se aplicar na) pedagogia do lulismo. Nas suas interações com o jeitinho brasileiro, a ministra foi recebida, em jantar com
empresários, na casa de Marta Suplicy. Entre quatro paredes, é possível que um e outro lado tenham elogiado a "dignidade da conduta" como diferencial deste governo.
Até outro dia, Dilma era só a dona
brava que ocupou o lugar de homens pouco sérios ao redor de Lula.
O seu PAC não deixa de ser uma
versão bem-sucedida (ao menos como marca) do business-bolchevismo de José Dirceu.
Emancipado dos que poderiam
lhe fazer sombra, todos fuzilados
pelo mensalão, Lula está à vontade
para deflagrar a própria sucessão.
Depois de impor ao PT o nome de
uma adventícia egressa do brizolismo, ele agora antecipa o calendário
e promove o PAC da candidata.
Um tanto afásica, a oposição
ameaça contestar na Justiça a legalidade do "Vilma tour". Talvez tenha que explicar o que o governador de São Paulo fazia montado
num trator em Cascavel, no Paraná.
Favorito para 2010, Serra se vê
entre dois fantasmas: de um lado, o
bonde do lulismo, que avança; de
outro, o trem mineiro de Aécio, que
preterido pode mudar de rumo.
Quando alguém, enfim, disser a
Serra "Olhe na cara dessa gente!",
talvez seja tarde. Do lado de lá, o
sertanejo pode ver na sua frente o
ET de Varginha.
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