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FERNANDO RODRIGUES
Os fatos, por favor, Jarbas
BRASÍLIA - Até jornalistas com
todas as dificuldades imagináveis às
vezes conseguem demonstrar atos
de corrupção na esfera pública. O
que dizer da capacidade de um político duas vezes governador do Estado de Pernambuco, da elite do
PMDB e hoje titular de cargo de senador da República?
Trata-se de Jarbas Vasconcelos,
integrante da ala ética (sic) do mundo maravilhoso peemedebista. O
político pernambucano vocaliza
opiniões minoritárias na sigla. Seu
azedume aumentou nos últimos
tempos. "Boa parte do PMDB quer
mesmo é corrupção", disse ele a
Otávio Cabral, em "Veja".
Em Brasília e em política quase
tudo se sabe. Quem dera os jornais
pudessem sair por aí apontando dedos para quem se parece ou se comporta como corrupto. Faltaria papel e tinta. Para o bem ou para o
mal, estamos obrigados a revelar fatos e provas quando alguma acusação é publicada. Sem esse tipo de
escrúpulo, Jarbas não quis especificar qual é essa tal "boa parte do
PMDB" ligada à corrupção.
Inimputáveis, congressistas falam o que lhes vêm à telha. Jarbas é
bem informado. Lembro-me dele
há 20 anos, em 1989. Em conversas
de bastidores me dizia por que
Ulysses Guimarães era uma escolha
difícil como candidato peemedebista a presidente. Ulysses perdeu feio,
traído pelo partido.
Jarbas poderia apresentar fatos.
Suponho que ele os tenha. Demonstraria como é e quem pratica corrupção dentro do PMDB. Faria bem
à democracia se oferecesse ao público informações objetivas.
Sem dados concretos, sua valentia retórica vale pouco. Só serve para validar a percepção nefanda e
equivocada de que "todos os políticos são ladrões". Sem provar suas
acusações, Jarbas também patrocina uma festa no céu para os corruptos. Dá a eles a chance de se mostrarem indignados em público enquanto festejam em privado.
frodriguesbsb@uol.com.br
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