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COMPUTADOR PARA QUEM?
Poucos ousariam negar a importância geral da informática como instrumento facilitador do acesso à informação e da organização de dados.
Sendo a escola a instituição por excelência dedicada à instrução, é natural
supor que as novas tecnologias lhe
possam ser de grande valia.
Parece, pois, justificável a preocupação do Ministério da Educação em
informatizar a rede pública de ensino. O Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo) prevê a
instalação, em caráter experimental,
de 100 mil computadores em 6.000
escolas, a um custo de R$ 480 milhões -equivalente a 5% do orçamento dessa pasta em 1997.
O programa, aliás, é compatível
com diretrizes recentemente divulgadas do ministério para o ensino
médio, que recomendam a valorização de aspectos práticos dos conhecimentos que serão desenvolvidos
junto aos alunos.
Fazer da informática mais um instrumento pedagógico poderá assim
habilitar os alunos a atender a uma
das mais inequívocas demandas do
mercado de trabalho no momento.
A iniciativa, porém, deve ser vista
com reservas. O governo federal afirma ter como meta durante este ano
treinar 25 mil professores para o uso
adequado dos computadores. Aí talvez esteja o nó górdio do programa. E
o sucesso da inovação dependerá, em
larga medida, da tenacidade com que
se procure desatá-lo.
Não raramente mal preparada até
mesmo para o uso dos instrumentos
pedagógicos tradicionais e por vezes
ainda presa a práticas arcaicas, parte
considerável do professorado previsivelmente resistirá à inovação. Se
não for superada essa possível resistência, a massa de milhares de computadores subutilizados não passará
de um triste elefante branco.
O senso comum tende a acreditar
que certas máquinas, sobretudo o
computador, "fazem tudo pelo homem". Até o momento, porém, nenhuma delas, é óbvio, revelou ser útil
independentemente da destreza de
quem as manipula. Que o Ministério
da Educação não se mostre presa fácil desse fetiche sedutor.
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