São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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QUEM SUSTENTA PALOCCI?

Não há paralelo no ciclo democrático recente de um ministro da Fazenda cuja conduta tenha estado sujeita a tantos questionamentos quanto Antonio Palocci Filho. Agora o perseguem indícios de que, já chefe da política econômica, tenha freqüentado um notório círculo de ex-assessores formado em torno do então prefeito de Ribeirão Preto.
Duas testemunhas afirmam que Vladimir Poleto, Rogério Buratti e Ralf Barquete (morto em 2004) não partilham com Palocci apenas o sobrenome de origem italiana e as relações no passado interiorano. Um motorista e um caseiro que serviram em mansão alugada por Poleto em Brasília -visitada amiúde por companheiros de Ribeirão e empresários- sustentam que o ministro esteve mais de uma vez na casa.
Não consta -a partir da narrativa do caseiro e de apurações policiais e parlamentares- que as reuniões na residência do Lago Sul tenham se reduzido àqueles nostálgicos reencontros entre amigos para reviver os bons tempos. Evidências e relatos indicam que ali se montou uma central de lobby; e que o inquilino Poleto mantinha contato estreito com Ademirson Ariovaldo, assessor direto do ministro e também oriundo da cidade do interior paulista.
Palocci reitera o que disse à CPI: nunca pôs os pés na mansão brasiliense; as acusações teriam motivação eleitoral. O ministro já teve de corrigir duas vezes, sempre a reboque dos fatos, informações sobre uma viagem que realizou a bordo de um avião de José Colnaghi. Esse empresário foi quem cedeu uma aeronave para transportar caixas de bebida de conteúdo suspeito de Brasília a Campinas -o episódio envolveu Poleto, Barquete, um carro locado para a campanha petista de 2002 e um motorista hoje lotado na Fazenda.
Se o desgaste de Palocci se aprofunda a olhos vistos, a rede de apoio que colocava um anteparo entre os escândalos e o ministro vai se esfarelando. O mercado financeiro está indiferente; na oposição, debandaram os adeptos do paloccismo; o PT escreve texto criticando a política econômica. O presidente da República ainda sustenta Antonio Palocci, mas dificilmente o fará a qualquer custo.


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