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NELSON MOTTA
Fora do ar
RIO DE JANEIRO - O controle remoto está cheio de canais de televisão municipais, estaduais, federais,
judiciários, legislativos, educativos
e culturais espalhados pelo Brasil, a
um custo fabuloso.
Quase todos são cabides de empregos, com programação pífia e
audiências que somadas não chegam a um ponto de share. Dividindo
as despesas pelo número de beneficiários, deve ser um dos custos per
capita mais altos do mundo. Com os
gastos para chegar a tão poucos espectadores, daria para lhes dar comida e computadores em vez de
programas chatos.
A maioria absoluta dos programas desses canais poderia dispensar as antenas e ser apresentada em
circuito fechado aos seus escassos
espectadores, num bar ou num ônibus. Sairia mais barato do que colocar no ar.
É ótimo para a democracia que se
possam acompanhar as sessões da
Câmara e do Senado. Mas ninguém
precisa das "programações culturais", ou pior, "jornalísticas", desses
canais que só se vêem quando pega
fogo o circo das CPIs.
Quando o governo, qualquer governo, desde os militares, fala em
rede pública de TV, a idéia é sempre
"oferecer opções" (as deles) ao público, dominado pelos interesses
das TVs privadas, que só pensam
em ganhar dinheiro.
Os sábios acham que o povo é bobo e só vê Globo, Record, SBT e
Band porque não tem nada melhor.
Mas, quando essas mentes iluminadas se metem a dar "algo melhor" à
massa, a audiência é traço. Mas a
conta é alta, paga por todos nós.
O custo previsto da RPTV, que
certamente se multiplicará ao longo dos anos, é de R$ 250 milhões de
nossos impostos, abrindo centenas
de novos empregos públicos para
amigos e correligionários que não
conseguem trabalho em emissoras
melhores.
Mas para que serve mais uma TV
que não se vê?
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