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Ditadura ilhada
O SENADO americano aprovou uma emenda que
afrouxa as restrições de
viagens a Cuba para residentes
que têm parentes no país. A lei
também permitirá, na prática,
que seja ampliado o auxílio financeiro a familiares na ilha.
Trata-se de medidas que já faziam parte das promessas de
campanha de Barack Obama.
Elas destoam, ainda tenuamente, da orientação cristalizada na
política americana, cujo objetivo
foi asfixiar a ditadura cubana.
Estão em sintonia, ademais, com
a linha de distensão que Obama
ensaia com outros países, como
Irã e Rússia.
Os EUA têm cada vez menos
motivos para manter restrições
contra Havana, inclusive o embargo comercial, a mais importante no contencioso. Com o fim
da Guerra Fria, Cuba passou a
ser um tema sobretudo de política doméstica nos EUA -e há sinais de arrefecimento na pressão
do eleitorado anticastrista, concentrado no Sul americano.
Além disso, a disputa com o regime dos Castro produz ruído desnecessário nas relações de Washington com a América Latina.
A inclinação de Cuba para dialogar com a Casa Branca, por outro lado, ainda é incerta. O recente afastamento do vice-presidente, Carlos Lange, e do chanceler,
Felipe Pérez Roque, lançou dúvidas sobre os rumos políticos no
país. Decerto visou ao fortalecimento do ditador Raúl Castro,
mas fortalecimento para quê?
A disposição -e a capacidade-
do irmão de Fidel para tutelar
um processo de abertura lenta e
gradual na ilha continua sendo
apenas uma hipótese. A migração do regime cubano para algo
próximo do modelo chinês
-economia liberalizada e política autocrática- é outra.
Seja como for, a nova orientação da Casa Branca, o afastamento definitivo de Fidel Castro e a
incerteza, em meio à derrocada
do petróleo, quanto à continuidade da ajuda financeira patrocinada por Hugo Chávez dificilmente deixarão de produzir mudanças substanciais na cinquentenária ditadura caribenha.
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