São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Ditadura ilhada

O SENADO americano aprovou uma emenda que afrouxa as restrições de viagens a Cuba para residentes que têm parentes no país. A lei também permitirá, na prática, que seja ampliado o auxílio financeiro a familiares na ilha.
Trata-se de medidas que já faziam parte das promessas de campanha de Barack Obama. Elas destoam, ainda tenuamente, da orientação cristalizada na política americana, cujo objetivo foi asfixiar a ditadura cubana. Estão em sintonia, ademais, com a linha de distensão que Obama ensaia com outros países, como Irã e Rússia.
Os EUA têm cada vez menos motivos para manter restrições contra Havana, inclusive o embargo comercial, a mais importante no contencioso. Com o fim da Guerra Fria, Cuba passou a ser um tema sobretudo de política doméstica nos EUA -e há sinais de arrefecimento na pressão do eleitorado anticastrista, concentrado no Sul americano. Além disso, a disputa com o regime dos Castro produz ruído desnecessário nas relações de Washington com a América Latina.
A inclinação de Cuba para dialogar com a Casa Branca, por outro lado, ainda é incerta. O recente afastamento do vice-presidente, Carlos Lange, e do chanceler, Felipe Pérez Roque, lançou dúvidas sobre os rumos políticos no país. Decerto visou ao fortalecimento do ditador Raúl Castro, mas fortalecimento para quê?
A disposição -e a capacidade- do irmão de Fidel para tutelar um processo de abertura lenta e gradual na ilha continua sendo apenas uma hipótese. A migração do regime cubano para algo próximo do modelo chinês -economia liberalizada e política autocrática- é outra.
Seja como for, a nova orientação da Casa Branca, o afastamento definitivo de Fidel Castro e a incerteza, em meio à derrocada do petróleo, quanto à continuidade da ajuda financeira patrocinada por Hugo Chávez dificilmente deixarão de produzir mudanças substanciais na cinquentenária ditadura caribenha.


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