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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Responsabilidade
mais do que nunca!
Defendi em artigo recente a necessidade de adotar uma idade
mínima crescente para a aposentadoria.
Na contramão dessa sugestão, as
Comissões de Constituição e Justiça
(CCJ), de Assuntos Econômicos
(CAE) e de Assuntos Sociais (CAS) do
Senado Federal revogaram no mês
passado o chamado "fator previdenciário", que tem o objetivo retardar a
aposentadoria dos que podem continuar trabalhando.
Essa importante inovação, aprovada
em 1998, apresentou bons resultados.
Entre os homens, a idade média de
aposentar, que, em 1998, era de 54,3
anos, passou para 56,9 em 2004. Entre
as mulheres, o salto foi de 49,7 para
52,2 anos. Só isso proporcionou uma
redução da despesa do INSS de aproximadamente R$ 1,5 bilhão por ano.
É preocupante saber que o Senado
Federal pode aprovar em plenário o
fim daquele dispositivo. Se acontecer,
será um grave retrocesso. Afinal, o
INSS está a exigir uma nova reforma
-mais arrojada do que a anterior, fixando em valores altos a idade mínima de aposentadoria.
O ex-ministro da Previdência Social
José Cechin argumenta que, em face
da crescente longevidade da população brasileira, o mais adequado seria
fixar a idade mínima de aposentadoria em mais de 65 anos.
Sei que a proposta é antipática e que
nenhum candidato à Presidência da
República vai encampá-la na campanha eleitoral. Mas ela é absolutamente
necessária para ajudar a equilibrar as
contas da Previdência Social. Medidas
desse tipo foram adotadas em países
bem mais ricos do que o Brasil como
são, por exemplo, os casos da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Na composição do déficit público
que tanto inibe os investimentos e a
geração de empregos, os gastos com a
Previdência Social ocupam um lugar
de destaque. Em 2005, o INSS teve um
rombo de quase R$ 40 bilhões. Em
2006, poderá ultrapassar a casa dos R$
50 bilhões. Para cobrir esse déficit o
governo é obrigado a se endividar, o
que eleva a taxa de juros, ou a usar recursos do superávit primário, o que
compromete os investimentos públicos. Ambos efeitos inibem o crescimento e a geração de empregos.
Um problema desse tipo não pode
ser resolvido com mais tributação,
pois, o rombo da Previdência Social
crescerá de maneira exponencial e
não haverá imposto capaz de equilibrar as contas.
É evidente que a fixação de uma idade mínima em nível alto só pode ser
conseguida por meio de uma implementação gradual. Esse foi o caminho
escolhido pelos países mais avançados. O Brasil poderia começar com a
fixação imediata de uma idade mínima de 62 anos, e subir um ano a cada
36 meses. Dessa forma, em uma década, chegaríamos ao mínimo de 65
anos.
Se o remédio parece amargo, o colapso da Previdência Social é uma catástrofe. Não pode ocorrer.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
@ - antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
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