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REFORMAS DE ARAFAT
O líder palestino Iasser Arafat
propôs amplas mudanças na
Autoridade Nacional Palestina
(ANP) e falou em preparar novas eleições. Não disse que reformas pretende implementar nem especificou data para o novo pleito ou o seu alcance. Mas o simples fato de Arafat ter
falado em alterações já indica que ele
está sofrendo intensas pressões.
No plano externo, as cobranças
vêm tanto dos EUA como de aliados
árabes, sem mencionar, obviamente,
Israel. Pelos EUA, foi o próprio presidente Bush quem disse que a ANP
precisa mudar, que precisa ser menos corrupta e menos ineficiente.
Países árabes, muitos dos quais são
tão corruptos quanto a ANP, não exigiram mudanças tão diretamente,
mas aprovaram, na Liga Árabe, uma
proposta que prevê a normalização
de relações do mundo árabe com Israel em troca de um Estado palestino. Apesar de essa ser uma moção
claramente favorável aos palestinos,
ela, ao ampliar o escopo das negociações, retira importância específica da
ANP. Há informações de que alguns
líderes árabes ficaram irritados com
o fato de Arafat não ter sido capaz de
firmar a paz com Israel.
No plano interno, Arafat também
enfrenta dificuldades. Apesar de o
cerco israelense ter elevado significativamente a sua popularidade, vem
crescendo a pressão de palestinos
por reformas. O líder sabe que essa
onda de popularidade tende a ser
transitória e pode estar querendo
aproveitá-la para reforçar sua posição através de reformas.
Curiosamente, o discurso de Arafat
vem um dia depois de o premiê israelense, Ariel Sharon, ter exigido mudanças na ANP. É pouco provável,
porém, que a declaração do líder palestino seja uma resposta a Sharon. É
mais verossímil que ele tenha mantido sua proposta apesar das declarações de Sharon, que também enfrenta graves dificuldades em Israel.
Os desenvolvimentos políticos, seja na ANP, seja em Israel, precipitados pela ação militar na Cisjordânia
não são triviais. É a partir deles que se
vão definir as chances de uma retomada das negociações de paz.
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