São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 2002

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O PERIGO DA RECESSÃO

As principais Bolsas globais tiveram mais um dia tenso, com quedas acentuadas na Europa. O Dow Jones, dos Estados Unidos, caiu 440 pontos, mas se recuperou no fim do dia e fechou com leve queda. Em 12 meses, o Dow Jones recuou 18% e o Nasdaq, 36%. Os mercados da América Latina e da Ásia também sofreram desvalorizações significativas, lideradas pelo Brasil e pela China, com perdas de 22%.
Estima-se que mais de US$ 11,5 trilhões já tenham desaparecido dos mercados de capitais de todo o mundo desde março de 2000. Essa desvalorização das ações está associada a um conjunto de fatores: o fim do ciclo especulativo na "nova economia", a desaceleração do crescimento mundial, a retração dos fluxos de capitais para emergentes e a onda de fraudes contábeis que se abateu sobre o mercado americano. Desconfiança se lança, inclusive, sobre altas autoridades do governo dos EUA.
A restauração na confiança dos investidores nos mercados de capitais somente deverá acontecer quando os balanços das empresas passarem a mostrar perspectivas de lucros e dividendos. Em 2001, os lucros das corporações americanas caíram 15,9%; no primeiro trimestre de 2002, 16,9%. Neste mês, as empresas dos EUA divulgam seus balanços do segundo trimestre. As expectativas de lucro não são promissoras.
Não é à toa que a moeda americana vem apresentando forte desvalorização em relação ao euro e ao iene. Com um euro já se compra mais de US$ 1. A queda dos investimentos estrangeiros nos EUA pode dificultar o financiamento do seu déficit externo, que está acima dos 4% do PIB.
O cenário é preocupante não por temores acerca da solvência do Tesouro americano, ainda que se projete déficit público em torno de US$ 165 bilhões neste ano. Os EUA continuam a não ter grandes obstáculos para fazer mais dívida. O problema pode surgir se a desvalorização do dólar impuser ao Fed (banco central americano) o aumento dos juros. A elevação da taxa básica nos EUA pode acarretar contração no volume de crédito para todo o mundo, o que desaguaria numa recessão global.


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