|
Próximo Texto | Índice
O PERIGO DA RECESSÃO
As principais Bolsas globais
tiveram mais um dia tenso,
com quedas acentuadas na Europa.
O Dow Jones, dos Estados Unidos,
caiu 440 pontos, mas se recuperou
no fim do dia e fechou com leve queda. Em 12 meses, o Dow Jones recuou 18% e o Nasdaq, 36%. Os mercados da América Latina e da Ásia
também sofreram desvalorizações
significativas, lideradas pelo Brasil e
pela China, com perdas de 22%.
Estima-se que mais de US$ 11,5 trilhões já tenham desaparecido dos
mercados de capitais de todo o mundo desde março de 2000. Essa desvalorização das ações está associada a
um conjunto de fatores: o fim do ciclo especulativo na "nova economia", a desaceleração do crescimento mundial, a retração dos fluxos de
capitais para emergentes e a onda de
fraudes contábeis que se abateu sobre o mercado americano. Desconfiança se lança, inclusive, sobre altas
autoridades do governo dos EUA.
A restauração na confiança dos investidores nos mercados de capitais
somente deverá acontecer quando os
balanços das empresas passarem a
mostrar perspectivas de lucros e dividendos. Em 2001, os lucros das corporações americanas caíram 15,9%;
no primeiro trimestre de 2002,
16,9%. Neste mês, as empresas dos
EUA divulgam seus balanços do segundo trimestre. As expectativas de
lucro não são promissoras.
Não é à toa que a moeda americana
vem apresentando forte desvalorização em relação ao euro e ao iene.
Com um euro já se compra mais de
US$ 1. A queda dos investimentos estrangeiros nos EUA pode dificultar o
financiamento do seu déficit externo, que está acima dos 4% do PIB.
O cenário é preocupante não por
temores acerca da solvência do Tesouro americano, ainda que se projete déficit público em torno de US$
165 bilhões neste ano. Os EUA continuam a não ter grandes obstáculos
para fazer mais dívida. O problema
pode surgir se a desvalorização do
dólar impuser ao Fed (banco central
americano) o aumento dos juros. A
elevação da taxa básica nos EUA pode acarretar contração no volume de
crédito para todo o mundo, o que desaguaria numa recessão global.
Próximo Texto: Editoriais: PESQUISAS E MERCADO Índice
|