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ELIANE CANTANHÊDE
Mundo cão
BRASÍLIA - Na Bolívia, um "líder cocaleiro" disputa o segundo turno das
eleições presidenciais. Ou seja: Sua
Exª., o candidato, é defensor dos
plantadores de coca, matéria-prima
da cocaína.
No Paraguai, protestos se multiplicam nas fronteiras com o Brasil, onde
o ex-golpista Lino Oviedo aguarda
visto como "pesquisador de agricultura no cerrado". O país está em estado de emergência.
Na Venezuela, a guerra civil corre
solta, com uma versão mambembe
do "Muro de Berlim" entre as manifestações pró-Chávez e anti-Chávez.
Na Argentina, à crise econômica
aparentemente sem saída soma-se
agora a pior ameaça política: o ex-presidente Carlos Menem se lança à
Presidência com a bandeira da dolarização. E ele é a origem do mal.
Na Colômbia, continua tudo na
mesma: ninguém sabe até onde vai o
Estado, até onde vão os narcotraficantes e até onde vão, cada vez mais,
os Estados Unidos.
Mas a América Latina não está sozinha. Nos EUA, George W. Bush foi
empossado depois de uma eleição
duvidosa, passou pelo maior atentado ao coração do país, bombardeou o
Afeganistão sem capturar Bin Laden,
encheu o gabinete de empresários poderosos e convive com os maiores escândalos empresariais do planeta.
Depois do vexame da quebra da
Enron e da WorldCom, vem a denúncia de que, em 1990, como filho
do então presidente Bush, o "little"
Bush se valeu de informações privilegiadas para vender ações de uma empresa dois meses antes que ela quebrasse. Nos EUA, é crime federal.
Para consolo (seria consolo?!), a Europa também não está lá essas coisas.
Depois de levar o líder direitista Le
Pen ao segundo turno na França,
país símbolo internacional de democracia, os neonazistas praticam atentados contra o presidente Chirac!
Se alguém anda querendo fugir da
guerra no Rio, do crime organizado
no Espírito Santo, dos sequestros em
São Paulo e da corrupção endêmica,
não tem muito para onde correr. A
não ser que seja para o Afeganistão.
Ou para o que ainda sobra dele.
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