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ELIANE CANTANHÊDE
Previsíveis e imprevisíveis
SÃO PAULO - Consta que o FMI, os mercados, os empresários, os marcianos e parte dos eleitores acham Ciro
Gomes e Lula imprevisíveis. Um, por
natureza, e outro, pela origem partidária e de esquerda. Pois Anthony
Garotinho se distinguiu deles ontem,
na série "Candidatos na Folha", dizendo-se "um político totalmente
previsível".
Declarou-se "de esquerda", "popular e não populista", evangélico e
professor de fé. E, ao contrário de Ciro e de Lula, não tergiversou ao dizer
que vai dar um salto no salário mínimo e apontar quem vai pagar a conta: os bancos. Eleito, vai aumentar os
impostos para o setor e cortar drasticamente os juros. Valente, ele!
Garotinho alegou que fugiu da Febraban (a federação dos bancos) para escapar do seu "poder de cooptação". E jogou bancos e imprensa na
origem dos dissabores da campanha.
Na sua versão, ele caiu em desgraça
na mídia por não ter livrado a cara
do cineasta João Moreira Salles, filho
de um dos principais banqueiros do
país e padrinho de um conhecido
traficante do Rio.
Garotinho repetiu o que todos fazem e reclamou bastante da imprensa (que é "governista" e não lhe dá
espaço). Não foi, porém, tão agressivo quanto fora Ciro na terça-feira e,
em geral, respondeu às perguntas.
Mas ele também tropeçou em algumas contradições: não é populista,
mas quer aumentar de supetão o salário mínimo (e as contas da Previdência?); bate na tecla de que salvou
o Rio da violência, mas só cita os sequestros (e os homicídios e tiroteios?); faz bravata na relação com os
EUA e o FMI, mas sem sair do óbvio
(defender os interesses do Brasil?!).
A dias do início do horário eleitoral
na TV, deixou claro que disputa o espaço de oposição à esquerda com o
PT. Serra vai apanhar, e Lula que
abra o olho. Garotinho, o previsível,
bateu no teto, mas está com a língua
afiada e é bom de gogó.
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