São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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EDITORIAIS

FALTA TECNOLOGIA

Os resultados da balança comercial brasileira dependem novamente da contenção das importações. Ou seja, do desaquecimento da economia. Mas, se ainda há consenso entre os economistas, é o de que a busca de saldos comerciais pela contenção da demanda é insustentável em médio e longo prazos.
Em outras palavras, é preciso gerar divisas no comércio exterior exportando mais. E a queda nas importações, quando ocorrer, será virtuosa se resultar de um processo de substituição de importações por aumento da produção nacional, não pelo esfriamento da atividade econômica.
Termina aí o consenso. Pois, quando se trata de identificar quais os mecanismos e as políticas capazes de induzir esse processo de substituição de importações, as divergências são amplas e profundas.
O risco, na visão dos mais céticos e dos que preferem deixar aos mercados o papel de induzir o ajuste, é o Estado interferir por razões políticas e clientelistas em decisões privadas, usando o poder de compra público como ferramenta de indução.
Há no entanto pelo menos uma modalidade em que, universalmente, tornou-se aceitável essa ação do Estado. É o da promoção do desenvolvimento científico e tecnológico.
Somente com base em competências nessas áreas pode-se almejar uma autêntica competitividade internacional e mesmo sonhar com a produção nacional de bens intensivos em novas tecnologias.
No Brasil, essa base ainda é precária. Os indicadores de especialização tecnológica (ou seja, peso de produtos intensivos em tecnologias avançadas na produção e nas exportações de um país) revelam que o país estagnou nos últimos 20 anos.
Esses indicadores tiveram expressivas melhoras no México (fruto da implantação de montadoras controladas pelos EUA) e na Ásia (onde se estabeleceram fortes redes globais de produção e distribuição).
Superar o atraso nesse campo é um desafio que vai custar mais de um mandato presidencial, possivelmente mais de uma geração.


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