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EDITORIAIS
FALTA TECNOLOGIA
Os resultados da balança comercial brasileira dependem
novamente da contenção das importações. Ou seja, do desaquecimento
da economia. Mas, se ainda há consenso entre os economistas, é o de
que a busca de saldos comerciais pela contenção da demanda é insustentável em médio e longo prazos.
Em outras palavras, é preciso gerar
divisas no comércio exterior exportando mais. E a queda nas importações, quando ocorrer, será virtuosa
se resultar de um processo de substituição de importações por aumento
da produção nacional, não pelo esfriamento da atividade econômica.
Termina aí o consenso. Pois, quando se trata de identificar quais os mecanismos e as políticas capazes de
induzir esse processo de substituição
de importações, as divergências são
amplas e profundas.
O risco, na visão dos mais céticos e
dos que preferem deixar aos mercados o papel de induzir o ajuste, é o
Estado interferir por razões políticas
e clientelistas em decisões privadas,
usando o poder de compra público
como ferramenta de indução.
Há no entanto pelo menos uma
modalidade em que, universalmente, tornou-se aceitável essa ação do
Estado. É o da promoção do desenvolvimento científico e tecnológico.
Somente com base em competências nessas áreas pode-se almejar
uma autêntica competitividade internacional e mesmo sonhar com a
produção nacional de bens intensivos em novas tecnologias.
No Brasil, essa base ainda é precária. Os indicadores de especialização
tecnológica (ou seja, peso de produtos intensivos em tecnologias avançadas na produção e nas exportações
de um país) revelam que o país estagnou nos últimos 20 anos.
Esses indicadores tiveram expressivas melhoras no México (fruto da
implantação de montadoras controladas pelos EUA) e na Ásia (onde se
estabeleceram fortes redes globais de
produção e distribuição).
Superar o atraso nesse campo é um
desafio que vai custar mais de um
mandato presidencial, possivelmente mais de uma geração.
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