São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Um novo modelo de desenvolvimento

JOSÉ GENOINO


São Paulo precisa de lideranças políticas e empresariais lúcidas, ativas, fortes e consoantes com o nosso tempo

A globalização econômica e a revolução tecnológica são condicionalidades no mundo contemporâneo que exigem novo modelo de desenvolvimento para o Estado de São Paulo. Esse modelo, cujas bases estão no programa de governo de minha candidatura, faz-se tanto mais necessário ao constatarmos que, nos últimos oito anos, a economia do Estado perdeu o rumo e apresentou os maiores índices de desemprego de toda a nossa história, mergulhando a sociedade na desesperança e na violência.
O Estado não vem ocupando o seu papel de liderança na política e na economia, no contexto federativo. O governo estadual do PSDB submeteu-se à lógica da subordinação aos ditames do capital financeiro, aceitando todas as decisões do Planalto, que prejudicaram o desenvolvimento do Estado. Essa postura omissa do governo paulista pode ser identificada na passividade diante de questões como a guerra fiscal, a crise do pacto federativo, a reforma tributária, os impasses da política cambial, a política de juros altos e o desemprego.
São Paulo precisa de um governador ativo, com papel de liderança nas questões nacionais, capaz de coordenar pactos pela reforma tributária, de combate à guerra fiscal e pela promoção do desenvolvimento e do emprego.
Quanto ao desenvolvimento, é preciso perceber que São Paulo ocupa um lugar singular no Brasil e na América Latina: o Estado pode se constituir num enclave avançado de inovação produtiva e de conhecimento. É o único lugar desta parte do mundo capaz de levá-la para a era da revolução tecnológica. Para que isso aconteça, São Paulo precisa de lideranças políticas e empresariais lúcidas, ativas, fortes e consoantes com o nosso tempo.
O novo modelo de desenvolvimento que propomos funda-se numa estratégia ambivalente: o desenvolvimento local e regional e o desenvolvimento orientado para as exportações.
A estratégia do desenvolvimento local e regional alcança enormes êxitos na economia contemporânea. Basta citar os exemplos da região da Emilia Romagna, na Itália, e o Vale do Silício, na Califórnia.
Para viabilizar essa estratégia, criaremos as agências regionais de desenvolvimento, que vão potencializar as vocações produtivas de cada região. Através dessas agências, o governo do Estado formará consórcios com os municípios, a iniciativa privada, os centros de pesquisas e as representações dos trabalhadores, dinamizando a capacidade produtiva das regiões.
As pequenas e médias empresas ganharão competitividade e agregarão vantagens e eficácia em um conjunto de ações, tais como desenvolvimento de novos produtos, formação e valorização de marcas, compra de matéria-prima, comercialização, exportações, incremento de qualidade e obtenção de crédito. O desenvolvimento local e regional agregará mais autonomia à nossa economia diante das imprevisibilidades e instabilidades internacionais, soldará o espírito de comunidade e protegerá mais os empregos, evitando a desagregação social.
Além de consolidar mercados regionais e o mercado interno, a inovação e a consorciação de pequenas e médias empresas potencializarão as importações.
Quanto às exportações, a principal iniciativa consistirá na criação da Agência Paulista de Comércio Exterior. A função dessa agência será prover o governo e as empresas paulistas com informações estratégicas sobre oportunidades de negócios e mercados internacionais, promover intercâmbios e organizar missões empresariais de negócios para outros países e promover empresas e produtos paulistas no exterior.
São necessárias ainda iniciativas complementares, tais como programa de capacitação de exportadores, regionalização do porto de Santos, implantação de plataformas logísticas e revisão dos pedágios, que encarecem as exportações.
Se eleito governador, pretendo ter um papel de liderança para promover o Estado de São Paulo, seus produtos e suas empresas nos mercados globais.
Por fim, quero enfatizar dois outros instrumentos imprescindíveis ao desenvolvimento: investimento em pesquisa e desenvolvimento e política de financiamento para as pequenas e médias empresas. Quanto ao primeiro ponto, implantaremos um banco estadual de projetos de pesquisa e desenvolvimento, financiado por recursos públicos, privados e de outras fontes.
A implantação do pólo tecnológico, que estruturará a indústria da tecnologia de informação do Estado, será decisiva para articular pesquisa e inovação produtiva. Para financiar as pequenas e médias empresas, implantaremos uma carteira de fomento da Nossa Caixa, que terá um aporte inicial de R$ 2 bilhões.
Com essas e com outras medidas que constam de nosso programa, levaremos o Estado a um novo patamar de desenvolvimento, com geração de emprego e distribuição de renda.

José Genoino, 56, é deputado federal pelo PT de São Paulo e candidato do partido ao governo do Estado.


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