São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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Editoriais

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Dois anos depois

Completados dois anos da quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, símbolo da crise financeira que se abateu sobre o mundo, a economia internacional experimentou mudanças importantes, reagiu, mas ainda enfrenta desequilíbrios e incertezas.
Muitos, na primeira hora, imaginaram que os países em desenvolvimento seriam as principais vítimas do desastre, o que não ocorreu. Na América Latina e na Ásia, governos puderam acionar políticas anticíclicas sem temer a fuga de capitais, escorados nas reservas volumosas que haviam acumulado. O rápido retorno ao crescimento na "periferia" representou um alívio para o cenário global -e deu novo crédito à tese do relativo descolamento em relação às economias centrais.
As medidas de aumento de gastos governamentais, a que pobres e ricos recorreram, ajudaram a evitar o pior, mas à custa da fragilização das finanças públicas, notadamente nos países desenvolvidos. Palco das mais graves recessões, também são as economias da Europa e dos EUA as que mais têm sofrido com o desemprego e as dificuldades de recuperação.
A crise propiciou alguns avanços na regulação financeira, mas pouco se evoluiu no combate a uma de suas causas -os desequilíbrios mundiais de poupança. Enquanto os EUA padecem de gigantescos deficits externos, países como a China, acumulam saldos elevados. Na Europa, o quadro se reproduz em miniatura, com a Alemanha mantendo superavit anual de 5% do PIB -decorrente, em grande parte, do comércio com os demais membros da zona do euro.
O resultado é uma demanda global deficiente e um risco latente de protecionismo. A correção dessas distorções exige avanços nas relações multilaterais -bem maiores do que os obtidos até aqui, apesar dos esforços do G20.


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