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Editoriais
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Dois anos depois
Completados dois anos da quebra do banco norte-americano
Lehman Brothers, símbolo da crise financeira que se abateu sobre
o mundo, a economia internacional experimentou mudanças importantes, reagiu, mas ainda enfrenta desequilíbrios e incertezas.
Muitos, na primeira hora, imaginaram que os países em desenvolvimento seriam as principais
vítimas do desastre, o que não
ocorreu. Na América Latina e na
Ásia, governos puderam acionar
políticas anticíclicas sem temer a
fuga de capitais, escorados nas reservas volumosas que haviam
acumulado. O rápido retorno ao
crescimento na "periferia" representou um alívio para o cenário
global -e deu novo crédito à tese
do relativo descolamento em relação às economias centrais.
As medidas de aumento de gastos governamentais, a que pobres
e ricos recorreram, ajudaram a
evitar o pior, mas à custa da fragilização das finanças públicas, notadamente nos países desenvolvidos. Palco das mais graves recessões, também são as economias
da Europa e dos EUA as que mais
têm sofrido com o desemprego e
as dificuldades de recuperação.
A crise propiciou alguns avanços na regulação financeira, mas
pouco se evoluiu no combate a
uma de suas causas -os desequilíbrios mundiais de poupança. Enquanto os EUA padecem de gigantescos deficits externos, países como a China, acumulam saldos elevados. Na Europa, o quadro se reproduz em miniatura, com a Alemanha mantendo superavit anual
de 5% do PIB -decorrente, em
grande parte, do comércio com os
demais membros da zona do euro.
O resultado é uma demanda
global deficiente e um risco latente de protecionismo. A correção
dessas distorções exige avanços
nas relações multilaterais -bem
maiores do que os obtidos até
aqui, apesar dos esforços do G20.
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