São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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Visita inconveniente

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, jogou gasolina na fogueira das tensões do Oriente Médio ao levar seu discurso de ódio contra Israel às fronteiras do Estado judaico.
Ahmadinejad foi festejado no Líbano, país ao qual fez nesta semana a primeira visita desde que assumiu o cargo, em 2005. Em Bint Jbeil, a poucos quilômetros de Israel, afirmou que "o mundo deve saber que os sionistas irão perecer" e instou a plateia, formada por seguidores da milícia islâmica Hizbollah, a continuar a "resistência" contra o país vizinho.
O recado não deve ser tomado por outra coisa que não um incentivo à guerra, em um país que já enfrentou dois conflitos sangrentos contra Israel nos últimos 30 anos e onde até hoje se faz necessária uma missão de paz da ONU -da qual o Brasil, que se aproximou do Irã recentemente, estuda participar.
Sob patrocínio do governo Ahmadinejad, o Hizbollah se fortaleceu. Seu braço militar se armou, e sua facção política hoje integra o governo do Líbano.
Trata-se, como se vê, de uma ameaça bem mais imediata para Israel do que o próprio Irã e suas experimentações nucleares, ainda a anos de se concretizarem.
Um presente dado pelo líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, a Ahmadinejad, simbolizou o caráter belicoso da visita do iraniano: a arma de um soldado israelense capturado na guerra de 2006.
Ainda que o presidente do Irã não tenha atingido os píncaros de provocação que dele se esperavam -não foi à fronteira de Israel atirar uma pedra, como chegou-se a cogitar-, sua visita é mais um elemento desanimador para os defensores da paz no Oriente Médio, num momento em que o frágil diálogo entre israelenses e palestinos ameaça se romper.
Ontem, Israel deu o sinal verde para a construção de novos assentamentos em Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital de seu futuro Estado. É um presente para aqueles que apostam no fracasso das negociações -como o Hamas, outro grupo extremista patrocinado pelo Irã de Ahmadinejad.


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