São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

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ELVIRA LOBATO

O PMDB e o fundo de pensão

DIANTE DA BOMBÁSTICA entrevista do senador peemedebista Jarbas Vasconcelos, na revista "Veja", em que ele acusa seu partido de usar cargos públicos para fazer negócios e obter comissões, deveria o governo prestar redobrada atenção à movimentação do PMDB para substituir a direção do fundo de pensão Real Grandeza, dos empregados da estatal Furnas Centrais Elétricas.
Furnas vive um terremoto interno desde que a presidência da estatal -indicada pelo PMDB- decidiu, na semana passada, que deveria trocar o presidente e o diretor de Investimentos do fundo de pensão. É a terceira tentativa de troca dos executivos, em dois anos, rechaçada pelos empregados e aposentados, que temem que o PMDB use a entidade para o que o senador Vasconcelos denunciou em sua entrevista.
Em agosto de 2007, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Luiz Paulo Conde foi nomeado para presidir Furnas. Conforme noticiado pela imprensa, na época, tratou-se de barganha política do Palácio do Planalto com o PMDB fluminense para aprovar a prorrogação da CPMF. A indicação foi atribuída ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), relator da emenda da CPMF.
Nos 14 meses em que ficou no cargo, Conde tentou, por duas vezes, substituir o presidente do Real Grandeza, Sérgio Wilson Fontes, e o diretor de Investimentos, Ricardo Nogueira. Na primeira tentativa, em novembro de 2007, a proposta foi rejeitada pelo Conselho Deliberativo do Real Grandeza, que conta com três integrantes indicados pelos patrocinadores e três eleitos pelos empregados e aposentados.
Na segunda investida, em setembro do ano passado, Conde propôs que os dois fossem chamados de volta para suas funções na estatal, o que deixaria os cargos vagos no fundo de pensão. Mas a proposta também foi reprovada pela diretoria de Furnas. O atual presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, que substituiu Conde, é funcionário de carreira da estatal, mas também foi indicado pelo PMDB. Ele orientou
seus representantes no conselho deliberativo do Real Grandeza a propor a troca dos executivos, com o argumento de que o relacionamento da direção de Furnas com a fundação está difícil. Mas, convencidos de que a ordem vem do PMDB, os empregados novamente se mobilizaram contra.
Em 2005, o Real Grandeza perdeu R$ 150 milhões com investimentos feitos no Banco Santos. De 2006 a 2008, acumulou rentabilidade de 80%. Daí o receio da mudança.
Com patrimônio de R$ 6,5 bilhões, o fundo tem cerca de 12 mil associados. A escolha dos gestores tem de ser técnica. Jamais política.

ELVIRA LOBATO é repórter especial.


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