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ELVIRA LOBATO
O PMDB e o fundo de pensão
DIANTE DA BOMBÁSTICA entrevista do senador peemedebista Jarbas Vasconcelos,
na revista "Veja", em que ele acusa
seu partido de usar cargos públicos
para fazer negócios e obter comissões, deveria o governo prestar redobrada atenção à movimentação
do PMDB para substituir a direção
do fundo de pensão Real Grandeza,
dos empregados da estatal Furnas
Centrais Elétricas.
Furnas vive um terremoto interno desde que a presidência da estatal -indicada pelo PMDB- decidiu, na semana passada, que deveria trocar o presidente e o diretor
de Investimentos do fundo de pensão. É a terceira tentativa de troca
dos executivos, em dois anos, rechaçada pelos empregados e aposentados, que temem que o PMDB
use a entidade para o que o senador
Vasconcelos denunciou em sua
entrevista.
Em agosto de 2007, o ex-prefeito
do Rio de Janeiro Luiz Paulo Conde foi nomeado para presidir Furnas. Conforme noticiado pela imprensa, na época, tratou-se de barganha política do Palácio do Planalto com o PMDB fluminense para aprovar a prorrogação da CPMF.
A indicação foi atribuída ao deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), relator da emenda da
CPMF.
Nos 14 meses em que ficou no
cargo, Conde tentou, por duas vezes, substituir o presidente do Real
Grandeza, Sérgio Wilson Fontes, e
o diretor de Investimentos, Ricardo Nogueira.
Na primeira tentativa, em novembro de 2007, a proposta foi rejeitada pelo Conselho Deliberativo
do Real Grandeza, que conta com
três integrantes indicados pelos
patrocinadores e três eleitos pelos
empregados e aposentados.
Na segunda investida, em setembro do ano passado, Conde propôs
que os dois fossem chamados de
volta para suas funções na estatal, o
que deixaria os cargos vagos no
fundo de pensão. Mas a proposta
também foi reprovada pela diretoria de Furnas.
O atual presidente de Furnas,
Carlos Nadalutti Filho, que substituiu Conde, é funcionário de carreira da estatal, mas também foi indicado pelo PMDB. Ele orientou
seus representantes no conselho
deliberativo do Real Grandeza a
propor a troca dos executivos, com
o argumento de que o relacionamento da direção de Furnas com a
fundação está difícil. Mas, convencidos de que a ordem vem do
PMDB, os empregados novamente
se mobilizaram contra.
Em 2005, o Real Grandeza perdeu R$ 150 milhões com investimentos feitos no Banco Santos.
De 2006 a 2008, acumulou rentabilidade de 80%. Daí o receio da
mudança.
Com patrimônio de R$ 6,5 bilhões, o fundo tem cerca de 12 mil
associados. A escolha dos gestores
tem de ser técnica. Jamais política.
ELVIRA LOBATO é repórter especial.
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