São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011 |
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Editoriais editoriais@uol.com.br Cotações em alta Preços das commodities sobem e provocam reações internacionais; para Brasil, afora pressões na inflação, movimento aumenta riqueza Nos últimos meses os preços das matérias-primas, as chamadas commodities, voltaram a subir rapidamente, na maioria dos casos superando os picos anteriores à crise financeira de 2008. A principal explicação é o crescimento acelerado dos países emergentes. Os investimentos em infraestrutura e o crescente consumo de bens duráveis, na China principalmente, valorizam as cotações de metais e energia. Na área agrícola, além da elevada demanda, problemas climáticos também têm contribuído para reduzir os estoques globais. Um aspecto relativamente novo a considerar é que a tecnologia e a demanda por combustíveis limpos têm ajudado a diluir a fronteira entre energia e alimentos. Parcela importante da safra americana de milho, por exemplo, é usada para produzir etanol -e mesmo no Brasil, tradicional produtor de álcool e açúcar, o biodiesel absorverá quantidades não desprezíveis de soja. O consumo crescente de proteínas no mundo também exige aumentos na produção de ração animal. A situação desses mercados hoje é mais problemática do que a de antes de 2008, pois os preços das matérias-primas estão mais altos (com exceção do petróleo) num momento em que os países desenvolvidos ainda não se recuperaram plenamente. A retomada do crescimento dessas economias, já em curso, só aquecerá a demanda. O Banco Central brasileiro divulga os índices de preços de commodities em reais, separando os produtos em energia, metais e alimentos. As altas desde meados de 2010 foram de 11%, 24% e 50%, respectivamente. Os preços dos alimentos merecem consideração à parte, não apenas por estarem subindo mais, mas por trazerem consequências sociais mais diretas. Estimativas do Banco Mundial indicam que o número de pessoas vítimadas por fome crônica no planeta se aproximou de 1 bilhão. Ainda que se possam discutir os critérios desses estudos, registrou-se, em relação ao levantamento de 2010 das Nações Unidas, uma alta de 75 milhões de pessoas. Uma das causas seria o grande peso dos alimentos, que se tornam mais caros, na cesta de consumo -até 40% em países asiáticos, contra 20% no Brasil e menos de 10% nos mais ricos. Por enquanto, porém, há algum conforto na Ásia, pois o preço do arroz, largamente consumido no continente, está sob controle e distante dos picos de 2008. O tema da segurança alimentar e a maior tendência ao protecionismo agrícola voltaram à ordem do dia e ganham atenção nos fóruns internacionais. Melhor integração dos mercados mundiais, regulação de investimentos especulativos em commodities e restrições a controles unilaterais de exportações de alimentos são tópicos que figuram nessa agenda. Para o Brasil, um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, o cenário favorece pressões inflacionárias, mas, ao mesmo tempo, permite o aumento da riqueza. A safra brasileira de grãos pode superar 150 milhões de toneladas neste ano -o que seria um novo recorde. E, no atual patamar, os preços das matérias-primas devem assegurar um saldo comercial ainda confortável, possivelmente acima dos US$ 20 bilhões obtidos de 2010. Próximo Texto: Editoriais: Na cama com Berlusconi Índice | Comunicar Erros |
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